Impressões – II
(Mário Liz)
Nasci pra pintar o Sete. Maquiar Maquiavel. Maquinar o Menestrel da minha alma. Calma que não é só isso: Nasci disso e daquilo. Daquela e Daquele. Do colo da mamãe. Dos calos de papai. E não me poupei da poesia. Ou do passo vidente. Não contive meus dentes na tua carne que mordi. Marquei a tua pele. A tua prole. Mas Eu do meu Ser ainda sou mais. Tem dias que me faço um porto seguro. Tem dias que me curo. Tem dias que sou caro demais. Demarco minhas terras com meu cheiro. Tem dias que me beiro. N'outros vou longe, não olho pra trás. Olho através. Atravesso os avessos. Aí me calo, num lampejo de paz. Mas paz que é paz em mim dura pouco. Sou laico e louco: levo a letra que me refaz. Mergulho em paixões passageiras. Passam juras, passam peças de paixão. A paixão me toma. Ela torna a me queimar. Com Sal-Mar, Doce-Rio. Do Céu-Raio faço nuvem branca. Eu nasci pra cansar a dor que me toca... e por vezes me alcança. Nasci denso como quem canta. Nasci canto como quem dança. Nasci do canto, no canto do olhar. Bem no cantinho da parede. Já brinquei com a fome e com a sede do meu coração. Dei piruetas em gordos pulos. Voei com avental de cozinha. Super Pateta. Sem camisa, descalço. Nu em carne-peito-flor-exposta. Tão gesto como quem rege. Tão riso como quem gosta. Gosto do jeito da noite. Das luzes da noite. Dos laços da noite. Denoto quase nunca. Conoto com febre e caneta. Com notas musicais. Meu Cais que tudo sente. Que tudo sinto. Que livre minto. Que livremente.