terça-feira, 15 de dezembro de 2009

saliva




saliva



(mário liz)


ela serve o chá. e eu penso se adoço ou amargo boca. ela cobre meus pés. e eu ajeito a touca. cubro as orelhas frente ao ar de julho. escolho meu pijama. sim, o meu velho pijama azul. ela finge que me olha. eu arrumo as calças e ligo a tevê. o canal perturba. mas eu finjo que gosto e ela finge que lê. se consola na fé inabalável. depois se faz de esfinge e me devora por fora. e eu não a decifro por dentro. amarga repetição. mesmo assim, não entendo. ela quer sempre mais e pede sempre tão menos. eu penso em gritar pois nunca ecoei seus terrenos. ela sorri e me mata com um beijo na testa. eu me testo se choro ou abandono a valsa na festa. eu não danço. e ela conduz. eu mais denso. ela de olhos crus. o arroz na panela-de-ferro. soltinho. ela em seu ritual me prepara. eu, o mesmo riso e a mesma cara. ela encera a estante e eu vejo a saúde do carro. ela me engraxa o sapato e fulmina um escarro. e o círculo impera. ela serve o chá. outra vez ela quer chá. eu quero quimera. eu penso que é já. o fim de uma era

:

eu jogo as xícaras e ela se abisma de espanto. eu grito e me corto e ela evoca o seu santo. eu saio descalço e jogo a touca no lixo da casa. ela fala e me abala e o frio se esvai em brasa. ela olha o pijama que agora ao chão não me toca. eu vasto e desnudo esmurro a parede enquanto minh’alma se choca. ela com sede e espasmo parece engolir o seu choro. depois ela tosse e pranteia o seu desaforo. por fim, o imenso silêncio me toma. e ela quieta, também em coma. aí eu me lembro da saliva que era alimento. e ela, espumosa, se verte em lamentos. eu cego-insano sigo e me apego naquela boca de espuma. ela chora e as lágrimas se dão à saliva, uma a uma. então meu corpo se acende e uma fera me rasga a espinha. e ela salgada de choro e de cuspe me olha e se mostra querendo ser minha. e o círculo se quebra. ela serve o vinho e o seu corpo é a taça. eu bebo e me farto e me dou à língua devassa. ela grita e contorce e dá colo à minha fera de olhos famintos. eu nela ando, corro e ecôo: agora em todos recintos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

dois pontos



:




vende-se um copo de sangue ralo. do talo de veia. de um dia de vaia e cuspe. vende-se um abre aspas. a coisa casta e crua. a poesia no espirro do mundo. minha noite com cheiro de rua. vende-se uma íris: a quem queira ser como eu vejo. dor e desejo do mesmo tamanho. moinhos de desespero. o gosto sincero da minha boca. o rouco da voz no esporro do grito. vende-se o infinito que não existe. o trago triste a que me recolho. no canto da boca a fissura. o inchaço da alma no olho. vende-se a filha que nunca tive. o entrave da garganta. a pergunta que não respondi. os domingos de culinária. a oratória dos anos perdidos. vende-se libido à flor do poro. os acordes que me escoram na solidão. minha piada serpentina. sem ter nada, vende-se tudo. sem ter tino, vende-se rima. e  à quem for comprar, cuidado: a poesia é pequena o bastante para entrar. ainda que corpo esteja fechado.



Mário Liz

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

meio mar




meio mar



(mário liz)



em meio ao mar: ser mais febril e meio. no meio, amar: almar-me além do meio. no estalo da carne sem esteio. no estorvo da dor - eu me contraio. meus comigos de para-raio. tendões à flor da pele em cheio. chuva no céu que caio. eu me dissipo. eu, meu discípulo. e me nego três vezes antes do galo cantar. meio mar me dano, me aceno, me enveneno. queimo, aciono, enceno. faço aziar um copo de água e Eno. engulo as chaves da prisão... me condeno. culpado por sentir. por chorar. meio mar a melar. marmelo de sal. os dentes rangem a sós. no céu da boca, desfeitura de nós. voz da garganta. grita que corre. voa que canta. abismada voz. a mão na queimadura do verso. no abscesso da alma. calma, meu filho ... calma. o rio há de chegar pra molhar. e secar esse trauma.

sábado, 21 de novembro de 2009

meio rio




meio rio


mário liz



sou uma centopéia com um cento de olhos

e outro cento de asas.

sento às margens do rio,

nos aposentos do pensamento

com cem olhos a pensar:

meu inferno corpulento

são as ranhuras do vento

quando há alma em mar.

quando há mar em minh’alma

mesmo o rio não se acalma

mas tua voz pequena me diz

em poema:

- calma, menino....

hoje não é dia de

mar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Momento


Momento



(mário liz)




quando o dia cai e a noite brota.

quando o broto salta e a lua vem.

quando o flerte triste n'alma encosta.

quando a poesia toma e tem.

quando o corpo aflito emana.

quando a luz irrompe a pele aquém.

quando Eu de tudo e Eu de todos.

quando Eu de Mim e mais ninguém.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Segmentação

Segmentação


mário liz


cerveja clara. preta. vermelha. café forte. café fraco. com açúcar. com adoçante. com cafeína. descafeinado. leite gordo. leite magro. vida curta. longa vida. leite em pó. pão de trigo. pão-de-batata. pão-de-ló. manteiga. margarina. queijo branco. amarelo. fresco. mofado. requeijão de minas. requeijão do norte. com sorte escolho o que comer ainda hoje. e haja escolha. haicai. poemeto. soneto. poema livre. poema preso. prosa poética. canções de rua. choro. samba. bossa. samba-rock. rock’n’roll. progressivo. punk. metal. blues. jazz. fusion. erudito. tudo à sete notas. ou à uma chave: carro sedan. ret. sem versível. conversível. conversas em comando de voz. celulares. tevêlulares. computadores em todos os lares. pc. notebook. laptop. top models. modelos fotográficas. michês. garotos de programa. prostitutas. acompanhantes. fórmula 1. fórmula 3. fórmulas em bulas. pílulas. comprimidos. xaropes. seringas. drágeas. drogas. fumáveis. cheiráveis. sintéticas. patéticas. adoráveis. heterossexuais. homossexuais. transexuais. pansexuais. xiitas. sunitas. cristãos. budistas. judeus. nazistas. narcisistas. cabisbaixos. endêmicos. anêmicos. hipoglicêmicos. diabéticos. dias crentes. dias céticos. condomínios. favelas. casas. chalés. apartamentos. coberturas. sorvetes. sacolés. ambulantes. braçais. tecnólogos. acadêmicos... no traço cênico que o mundo os faz. os corpos, os tatos se ajuntam. e a vida os explode, sem mais.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

soneto

soneto

(mário liz)

contigo não contenho a sede tanta,
que me desperta o amor na terra incerta.
e até o sol, n'ardência que deserta;
contigo é luz que pulsa e me quebranta.

e o teu olhar é feito a porta aberta,
que quando caio – em versos me levanta.
fechada a tua porta ainda encanta,
pois ao teu lado o que desfaz, liberta.

e mesmo quando estás assim, distante,
de longe a tua voz se funde ao canto
que canto em mim, se a minha dor me cala.

mas quando a noite vem e vem vibrante.
e tu estás comigo, o nosso espanto:
é só parar se o dia invade a sala.




segunda-feira, 26 de outubro de 2009

movimentos Por movimentos


movimentos Por movimentos


(mário liz)


carnívoros querem carne. herbívoros, folhas. a maria-fumaça come vapor. os carros, gasolina. uma lâmpada acesa tem um universo de água. o sono mastiga o cansaço. seres humanos, comida. poetas injetam silêncio (regurgitam vida). bandeiras se agitam com vento. conventos se agitam com cristo. mosteiros não se agitam (vivem de inércia). conversas se fazem de assunto. assuntos, de vida alheia. vidas dependem de oxigênio. gênios, de equações. erupções se alimentam de magma. o diafragma, de emoções. emoções se lambuzam de amores. sílabas, de letras. espelhos, de feições. egos sobrevivem de feitos. defeitos, de falhas. folhas, de seiva. seivas, de água, luz e gás carbônico. o crônico é que tudo precisa de força. porque nada é por si. o barbante zune o peão. você lê, comenta isso aqui. dá impulso à escrita. alforria meus delírios... e lá vou eu. tu. ele. lá vamos nós. voz. eles. entre o alívio bendito do soro. e a aflição de todos os seres.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


não deixe suas idéias dando sopa: faça uma sopa de idéias e chame as pessoas certas pro jantar. a sopa é a entrada, depois, convém o caviar. não chame o mundo cão de mundo de cão. o cão é o melhor amigo do homem. chame o mundo cão de mundo rato. e tenha ratoeiras na sala, na cozinha, no banheiro e no quarto. porque nunca se sabe quando alguém vai roer o seu queijo. e o que se sabe é que a linha entre o desejo e a inveja é pequena. então não diga que tudo vale a pena. somente a pena de morte, se alguém lhe roubar um verso de poema, um slogan de outdoor, uma peça, um personagem. e o que mais se vê são personagens assim: o meu país adora macunaímas. já eu, não. eu prefiro ser um ímã de gente que usa a inteligência pra fazer ouro sem cutucar a mina dos outros. e tá até na bíblia: não cobiçais a mina do próximo. e vejam bem, se eu for o próximo, por favor ... furem a fila.

mário liz

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

american way of life (anedota fundamentalista)

american way of life (anedota fundamentalista)

mário liz


Osama os odeia.
Obama Osama.

sábado, 10 de outubro de 2009

.


por onde passo (desfaço) flores. piso na merda porque não saio da lua. não olho pro chão. é difícil fitar na vida, se ela vem de frente na cara. e é com a cara de quem não olha pra vida, que eu às vezes mato a poesia do meu coração. mato-sem-querer-matar. quase como um menino, que mata formigas. a minha sorte é que certas coisas não morrem. ou morrem tão depressa que beiram o quase-nascer. então, bendita seja a mágoa que morreu desse jeito. ou a poesia que eu matei, mas re-brotou em mim. e isso, de insurgir renascida, faz da ventura o ópio da vida. e não há opinião sem ópio. nem papoulas felizes sem uma carne doente que as deseje. é por isso que eu desejo sal nas feridas. pra depois... um anestésico qualquer me deixar intenso o bastante pra escrever de novo.


mário liz

terça-feira, 29 de setembro de 2009

para depois que me plantarem ...



para depois que me plantarem...

mário liz

quando eu morrer, deixem um recado no meu orkut, pra todo mundo saber que eu fui um cara legal (ou mais legal do que eu realmente fui). escrevam que *eu fui poeta, sonhei e amei na vida. citem drummond, leminsk, maiakovski, renato russo, byron, goethe, vinícius, chico... e caso eu realmente vá para o inferno, citem raul, paulo coelho e teatro mágico (porque junto comigo irão as boas intenções de vocês).
criem comunidades pra mim, me transformem em um morto pop. compilem meus poemas, mandem minhas frases em recados virtuais, cantem minhas músicas, façam músicas pra mim...
quando completar um ano, cantem parabéns. façam um bolo, assoprem as velas (este texto vale como procuração, assoprem-nas por mim). escrevam minha biografia e escrevam também a minha biografia não-autorizada (ambas já têm o meu aval).
façam um vinho tinto com meu nome, um vinho encorpado... preferencialmente cabernet e façam um menu com meu nome, desde que não seja vegetariano (porque de mato a minha boca já vai estar cheia).
inventem mitos, lendas urbanas. digam que fui um alcoólatra e que me droguei diariamente por 15 anos da minha vida. escrevam em tablóides que fui um boêmio incorrigível, amante dos puteiros, neto da noite, filho da madrugada.
falem dos meus amores, falem de sexo, digam que fui um insaciável e que mulher alguma jamais reclamou de mim. falem do meu membro, digam que era acima da média, deliciosamente fora dos parâmetros... uma peça de inigualável prazer.
encontrem meu sêmen num banco de “dados” e disseminem meu legado nos 4 cantos do mundo. mas se a minha porra estiver cara, me dêem ao menos filhos ideológicos que pensem como eu, que falem como eu e que se portem como eu.
sejam o meu espelho, a minha fragrância e a minha inconstância. sejam e estejam por mim (me imitem, me declamem, me derramem...)

- é, amigo ... dói demais a certeza de saber que um dia seremos esquecidos.


* Incidental, Álvares de Azevedo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009




Viviane Pires foi a personificação do Rosa ... qualquer amigo ou conhecido próximo também o diria sem dificuldade alguma. Ela se foi na última sexta (25/09/2009), prematuramente, e deixou um legado de grandes amigos e uma alegria massiva e contagiante. O poema é triste - e não haveria como não ser. Por mais que Ela (a Rosa, a Vivi, a Paquitona) tenha sido alegre ... meu coração não é nobre o bastante para descrevê-la. Então descrevo aqui o meu sentimento (que é de uma tristeza profunda).








Quem sabe alguém a descreva ... com a poesia e o exagero-bom que ela merece. Fica aqui o desafio e o meu poema ...



"uma tarde tão bela, sol desgarrado, céu sem nuvem.
mas Ela se foi, Noiva, mal tinha passado pelo Capítulo Um.
aí a boca pergunta à alma. – de que valeu tanto sol? –
se a tristeza veio sem morfina e sem calma...
em sinfonia bemol.
e agora, no rol de cores, haverá uma
(ou mais uma em meio a tantas) tingidas pelo certo da vida.
é o Rosa, que, nessa tarde tão linda,
nunca esteve tão cinza."






Mário Liz








quarta-feira, 26 de agosto de 2009

menino-da-poesia-sem-dente


menino-da-poesia-sem-dente

mário liz

menino-da-poesia-sem-dente, é tempo de morder. toma um canino emprestado. devora esta carne. come com impulso e sem impasse. come como se não soubesses onde o corpo começa. onde a alma termina. olha os campos minados. te joga. roga um risco de sorte a deus. e se a vida explodir, deixa a carne queimar. deixa a pele virar cinza. a cinza virar chão. o chão virar carvão. e o carvão curvar ao fogo. deixa o fogo brilhar. consumir com seu mar de chamas. consumar o que chamas de desespero. a dança da luz. da dor. andança destes medos. deixa a brandura de lado. grava teus versos com sangue. com sede. com fome. com 5 sentidos. contato. teus filhos nascidos precisam ver. há algo em ti inteiro a pulsar. há um todo em ressaca de mar. deixa o sal corroer. deixa o vento carpir. deixa, carinhosamente, a vida arrombar tua porta.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

castelos

castelos

(mário liz)

bendita a surdez seletiva. a cegueira seletiva. a amnésia seletiva. ainda que todas sejam engarrafadas com seus 12, 18, 24 anos. bendito seja o ópio em forma de som. em forma de reza. o ópio em poesia. bendita seja a fuga. o escape. a evasão. o país dos baralhos. a terra do nunca. o sítio do pica-pau amarelo. o rio de janeiro lindo. a américa de oportunidades. bendita seja nossa senhora aparecida que nunca apareceu pra mim. as convenções acerca das mazelas do mundo... regadas à cabernet. caviar. black tie. abraços. aperto de mão. tapinha nas costas. G4. G8. Gzus! quanto G. bendito seja o ponto G que elas têm, se é que elas têm. a lenda do príncipe encantado. o homem gentil. sutil. que não liga pra sexo. que só quer carinho. bendita seja a fêmea que não ama dinheiro. que não gosta do fútil. do fácil. do champagne. da lua-de-mel. terra-de-mel. marte-de-mel. e todo sistema solar. haja abelha pra tanto mel. haja pedra, à quem nunca jogou a primeira pedra. haja pedro pra tanto papa. bento. joão paulo. leão. cordeiros com dentes de lobo. desordeiros dos 10 mandamentos. não cobiçais a mulher do vizinho. mude pra outro quarteirão e a cobice. não matarás. apenas dê a corda. o ticket-suicídio. a ressocialização no presídio. a carta ao leitor. prezado leitor. quem dera a vida fosse um cinema. e entre tramas e traumas a dor sucumbisse ao relaxo. e ao gozo. caro leitor: vida não é cinema. por-ímãs não são poemas. e acredite: você está no circo... o Bozo chegou!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

(...)





(...)



se tudo leva a crer que me perdi em você, que tantos nomes me beiram, mas ouço apenas o seu nome, se tudo leva a crer que nada além de você me consome, nada além de você me alimenta e nada além de você oxigena aquilo que chamo de poesia, se tudo leva a crer que mais dia, menos dia, a folia do seu coração vai trilhar no meu peito pra sempre, que você será minha do ventre à alma, do olhar aos gestos, se tudo leva a crer que de resto não terei mais nada, tudo levará a crer que serei maior que tudo. porque ter você é estar além de qualquer coisa que respira. com você a minha alma vai do grito à brandura sem que o marasmo me perceba. e minha pele vai do casco à seda sem brindar-me à desventura. se tudo leva a crer que com você me refiz em cores. eu posso me gritar poeta, humana criatura. posso amar em passo de mar rompendo a estrutura do coração. e tudo leva a crer que é você, sim é você. e nada leva a crer que não.


(Mário Liz)

sábado, 1 de agosto de 2009

ascensão

ascensão


(Mário Liz)

seus dentes na pele.
sem precedentes.
sem pressuposto.
seu rosto no meu retrato.
seu beijo aflito no meu olfato.
seus olhos no teto.
a alma no tato.
a mão no seu esqueleto.
você treme.
eu arrebato.
meio que voa o corpo,
a cena, o ato.
meio que move a letra.
sem freio, sem recato.
meio que com afeto.
meio que sem formato.
meio no meio da cama.
meio no meio do mato.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bola de Neve


Bola de Neve


(Mário Liz)


a arte que me deserta é a arte que me liberta.

a arte que me deserta e me liberta é arte que me oferta ao diabo.

a arte que me deserta e me liberta e me oferta ao diabo é a arte que me desperta o insano.

a arte que me deserta e me liberta e me oferta ao diabo e me desperta o insano é arte que me alicia ao caos e ao dano.

a arte que me deserta e me liberta e me oferta ao diabo e me desperta o insano e me alicia ao caos e ao dano é arte que me aflora os instintos.

a arte que me deserta e me liberta e me oferta ao diabo e me desperta o insano e me alicia ao caos e ao dano e me aflora os instintos é a arte que me labirinta.

a arte que me deserta e me liberta e me oferta ao diabo e me desperta o insano e me alicia ao caos e ao dano e me aflora os instintos e me labirinta é a arte que não é calma e é toda a minha alma, meu laço, meu ranço, meu pincel, minha tinta.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Papel, Concreto, Traça e Vento



Papel, Concreto, Traça e Vento


aos amigos Roig e Adriano


(mário liz)

O arquiteto arca o tato em curvas de concreto. O poeta, menos discreto, não sabe se pisa no céu, se voa no teto. O arquiteto faz poesia em pilares. O poeta é bipolar: transtorna seu norte e foge pro sul à francesa. O arquiteto tira de dentro a beleza e contorna de cores as coisas que o mundo vomita pra fora. O outro é poeta: vomita o belo do preto com a tristeza que surge sem hora. O arquiteto faz setas. O poeta, facetas mil. Um mira moradas. O outro mira em si, mira só, mira o sal e o sangue que verte. O poeta não se diverte com gente... ele tem três cachorros. O arquiteto mora em seu esquadro, seu coração é um Picasso Azul. O poeta não tem braço, tem asa. O arquiteto não passa, compassa. E os dois são para a vida assim como qualquer pessoa. Pois verso e papel são ceias da traça. E não há concreto que o tempo não corroa.


terça-feira, 14 de julho de 2009

Vestido Preto

Vestido Preto

(Mário Liz)

Vai passear, menina.
Vai pra longe de mim.
Você dança de preto.
Eu sou mais frevo em Olinda.
Vai passear ainda que não queira.
Há tanto pra limpar.
Tanta poeira.
Tanto a dizer, a viver.
A sentir.
Vai pra longe que eu quero rir.
Eu quero amar porque amo
E esse amor não acaba.
Me esquece num canto
E eu te conto como é bom acordar.
A cor dá vida ao pincel.
Um acordo do bem.
Esquece de mim uns 100 anos.
Que eu me jogo do céu
Pra nem ...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

à Flor D'água

à Flor D’água

(Mário Liz)

Tem dias que o vento são cerdas-meninas
que dançam pela pele.
E pulam na minha carne que trepida
e se põe a sangrar.
A minha carne se põe como o sol.
O meu sangue poente.
Minha carne quente,
a se dar no que a transpõe.
TransPoemas não caem de mansinho.
Desabam.
Desovam cadáveres no mar e no rio que sou.
E minhas águas ficam como que cheias
de vidas-mortas.

terça-feira, 30 de junho de 2009

PoeMichael


preto.

branco.

metamorfose.

metamorfina.


(mário liz)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

27



27






meu vigésimo-sétimo carnaval é talvez mais carnaval que os outros. ganhei um amor, perdi o cachorro. é como a tristeza na quarta-feira-cinzeira: a cura que eu não queria à minha overdose de riso. esse é o frio do carbono: no fim, tudo é cinza. no fim tudo é fim. dá um certo medo saber que o amanhe-ser pode não ser. desbotar assusta. custa uma aquarela. custa a coisa singela de estar. mas eu estou bem, não é preciso alarme. a sirene do tempo brilha vermelha e me dou bem com ela. hoje fiz 27 anos, mas com corpinho de 26. ano que vem serão 28... e se tudo correr bem:


amanhe-serei

.

.

.





segunda-feira, 8 de junho de 2009

(...)

(...)

Isso de dizer: “te amo tanto que até dói”, existe e não existe. Existe porque é lugar-comum: se desprende da boca, todo mundo diz. Não existe, porque amar não dói. O que dói é querer em mão única; e o que não é par não é amor. Amor é par, tem 4 letras. Quatro letras tem 12 letras e também é par. Então amar tem aquela coisa de moleque: eu tenho porque recebo. Amar é bumerangue...

Parece sangue, mas é sangue só em cor. Parece cor, mas brilha sem o sol. Parece sol... e com ele se confunde. Talvez seja o Sol que esteja Dele mais perto. Ou quem sabe seja Ele que quando se faz a voar... vai pra perto do sol. Eu fico aqui com meu rol hipóteses e só consigo decifrar que... o amor é dois. Dois pra lá, dois pra cá, que nem valsa...

(Mário Liz)


domingo, 31 de maio de 2009

poema de perto


poema de perto


(mário liz)


loucura na cara é beleza que cura a tristeza mais pura. vergonha na cara só mesmo a vergonha de quem vive e não sonha. a gente sonha loucuras e o caro da vida é um grande barato. o que preciso está no tato, paladar, visão, audição e olfato. de fato se sonho, tudo vem em dobro: ouço cochichos. salgo o salobro. sinto o cheiro, corro, vejo e toco seu corpo. quero o nicho pra perto de mim. ao redor, há milhares do melhor. há mulheres mil em uma que amo. há o bem que tinha. bem-te-vi. bem que terei. eu sei, eu sei... o longe é belo. mas o longe é longe e o que não está perto (soa como deserto). eu quero a loucura bem perto dos olhos. face a face o charme ... de loucurar-me
.
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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Camaleonina


Camaleonina

(Mário Liz)

hoje não tem nada, amor: não tem aula, não tem gente, não tem nada mesmo. hoje é um dia desses “de nada”. por isso antes é preciso que se diga obrigado (seja lá a quem for). eu costumo agradecer à minha tristeza, pois ela não é apenas triste – ela existe e tem filhotinhos. a felicidade que sinto é talvez a filha do meio da minha tristeza. a filha desgarrada que pouco fica em casa... que sempre sai pra ver as caras do mundo. eu até já mandei um desses pombos mensageiros levar um bilhete gritado, com os dizeres de: “volta pra casa, menina!.” tolice... quem tem asas, não tem lar. quem espera a felicidade, olha pro céu mas vê o mar (a ver navios). e é lá, naquele horizonte onde o veleiro se perde, que a felicidade se encontra. um horizonte laranja e essa menina... camaleonina...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Hoje, aqui ...


Hoje, aqui...

Para Sayuri

(Mário Liz)

você está aqui mesmo quando não está aqui.
e quando está aqui, está aqui duas vezes:
às vezes no meu coração, outras vezes também.
às vezes nem fico mais em mim, se fico assim sem você.
às vezes vejo seu olhar a ilhar minha vida.
às vezes vejo seus olhos em tudo que a alma vê.
é tudo sempre mais dia se você não me adia a visita.
se você vem, a palavra tropica, mas tudo é poema.
“eu amo você”,
vem quase que num fonema: uma palavra só,
que não me deixa só.
solidão é coisa de ontem, e hoje,
Sou Hoje.
hoje eu sou com você.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Cara que vê o Tempo



O Cara que vê o Tempo...


(Mário Liz)


O cara que faz poesia é um cara legal. Ele é meio esquisito, barba por fazer, mas é um cara legal. Tem vezes que ele ri demais. Parece anormal. Anormático. O cara sai dos trilhos, vive sem normas. Vive como se deve viver, sem querer se valer do que não é do coração. E é razoável que ele viva assim, sem medo de se perder. Aquele olhar... acho que sempre foi meio perdido. Pendurado num tempo que só ele vê. Um tempo que ele vê diferente. Sei lá como ele vê o tempo... mas ele o vê. Eu não. Já tentei ver o tempo e fiquei com os olhos cheios de areia. Isso de querer ver o tempo me faz chorar. Só mesmo o cara esquisito que faz poesia vê o tempo e não chora. Acho que a hora passa por dentro dele e se perde naquele coração, que é tão grande. E tudo que está no coração é fácil de se ver. Eu mesmo, que não sou lá dos mais sensíveis, com um pouco de vinho e outro pouco de emoção, logo vejo em cara e encaro o meu coração. E trafego no silêncio do peito, que me diz tantas coisas. E eu me descubro quando fuço ali. Do mesmo jeito que o cara que faz poesia se descobre quando vê o tempo dentro de si. Eu fico aqui a me dizer com meus botões de madeira e penso que deve ser um tanto dolorido ter o tempo no peito. O tempo todo. Essa coisa infinita e onipresente. Eu bem que tento imaginar, mas é muito pra mim. Quando eu for poeta de verdade, não irei buscar o tempo. Ver o tempo deve ser quase como ver a morte. E eu não vejo a morte, apenas a espio. Afinal de contas, quando a gente dorme, a gente sempre morre um pouquinho...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Cisco (a) Cisco

Cisco (a) Cisco



Mário Liz



Já reguei a planta dos pés, intenso de amor, sonhando raízes. Errei o sentido da dor, fabriquei cicatrizes. Já me vesti do impulso do corpo, do gosto do cuspe, da pele pela pele e nada mais. Já vesti de ódio a minha paz e dei rancor ao meu sossego. Já fui cego, surdo e mudo. Já tive vinte sentidos: um pra cada dedo. Já tive dados jogados ao céu, dados escritos no papel e dados de amendoim no talo da boca. Já tive a pele roxa, a pele vermelha e um riso amarelo a um passo da forca. Já tive poemas amontoados em gavetas. Amigos esquecidos em gavetas. E por tantas vezes morri em gavetas como forma de abrigo. Já tive um umbigo do tamanho do centro da Terra. E já tive terra no centro do umbigo. Comi poeira, vi o bonde passar. Enchi os olhos d’água. Engoli a mágoa e dei vida aos dentes quando a Banda se fez a tocar. Já tive tanto medo que o verbo mal me saía. Já tive tantos verbos que até me fartei de tanta alegria. Corri, voei, dancei, chorei, escrevi, esqueci, medi, montei, segui, agi, parei. Tudo verbo viver, tudo verbo sonhar: ao vento, planar e sumir. E no mesmo movimento: sentir e voltar. Já tive de frente com a morte. E vi um filme a triscar-me nos olhos. Às vezes tudo que se vê, são apenas ilhas. E de nada valeu sonhar, se o sonho não cortou o oceano. Já tive dias humanos, e por hora, ainda os tenho. Só não sei até quando a calma vai me abraçar. Porque se tudo é alma, o vento também é alma. E se de cisco a cisco Ele move montanhas. De cisco a cisco onde é que o meu Obelisco... vai se encontrar?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Não, eu não me chamo Hildebrando...



Não, eu não me chamo Hildebrando...



(Mário Liz)


Sou poeta. Não há nada brando. Não me chamo Hildebrando. Nem me pego vibrando por coisa que não me faça sonhar. Eu bem poderia me chamar Marcelo: Meio Mar, Meio Céu. Mas nasci arredio: Meio Mar, Meio Rio. Duas águas, duas febres, duas forças. Dois encontros no epicentro do peito. Um sujeito esquisito: com falhas, confetes, com fogos, conflitos. A minha arma é o infinito que não se pode olhar. O infinito são meus olhos: eu me vejo em cada caco da vida. Eu sou um quebra-cabeças. Peça por peça me conheça. Peça por peça me pessa carinho. O Bem que me apossa. Minh'alma coça pra dizer o que o poema escreve. Tento ser leve, mas não me chamo Hildebrando. Sou Poeta...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Anedota

Anedota


(Mário Liz)

A Verdade cospe vidros. Esfola a alma, retalha. Um verbo de navalha lambido nos cortes. Verbos de morte no meu teatro. Retrato que me restou. Finda fantasia com cheiro de festa. Num sopro se foi...

Agora sou Eu, a Verdade, Ela em mim, amarga em feto, meio e fim. Ela e Eu, Eu por ninguém, além do que o sonho ousa suportar. Vou me portar miúdo, meio gago, meio mudo, meio medo, meio mundos e dedos na face.

O paralelo era doce. Elos que criei, pára-choques. Não fosse a Verdade, eu seria Quixote. Um filhote de pássaro permeando sonhos no céu.

Mas Ela amputa asas. Enxuta, seca a fonte. No escuro, largueia entradas: uma caixa de fósforos, um novo horizonte. E tudo se molda conforme a roda. A dor se põe a girar.

E no Giro a Poesia me vem em confetes e tiras: não sabe se traga a verdade. Ou me abranda em velhas-novas-mentiras.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Avesso & Verso


Avesso & Verso

(Mário Liz)

Não é corte, é alma rompendo pele. Dói, não é apenas peito aberto. É sangue, é grito, é nervura. Não é apenas livro aberto, é carne ao avesso, o salto da veia, os dentes, as unhas. É tudo vivo, vermelho e quente... não tem cheiro de valsa morta. Também não é belo e nem é leve: pesa, arde e corta. Então é uma massa viva de dor. Ou mais que isso: é aço quente em carne crua... arde como paixão. Tem cor de entardecer, mas não tem brisa. Quando vem, esfola a pele lisa. Risca em lâmina rente. Alenta com vinagre, o grandioso milagre da cura pelo pesar. E como pesa. A carne ao avesso carrega pedras em passos pisados num piso de brasa. É oceano... somente oceano... não há margem rasa. Nem rosas brancas. O que não é prazer, está pra ser dor. É forte, aguerrido e profundo. E está para mim... como o sol está para mundo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Rio de Cores


Rio de Cores

(Mário Liz)

Um sonho, uma cidade.
Um verso, uma flor nas esquinas.
A poesia me dissemina.
É meu levante...
Elevador ao céu... me pertence!
Um sorriso circense, um balé.
Qual é o jeito de estar a fio e não sangrar a carne?
Eu digo:
Arme um rio de cores no coração...

terça-feira, 24 de março de 2009

, ... ... ...



Ver o sol nascer. A chuva cair. O céu estrelar. A lua surgir (refletida no mar). Sentir o chão nos pés. O vento no rosto. O gosto salgado, doce, azedo. Cedo ou tarde, não importa. Andar em zigue-zague com Deus em linhas tortas. Andar aos assovios. Assoprar a sopa quente. Cantar intensamente qualquer canção. Por menor que seja. Por menor que surja no coração. Ter um cãozinho e uma árvore e um canteiro e um livro de se tocar ou tatear na memória. Contar histórias, estórias, estados de espírito. Espalhar espuma no banho, ter medo do escuro. Ter a cura em um sorriso. Arrancar o siso. Ser liso de vez em quando. Chorar por amor. Derramar o leite. Errar, pular, embriagar, eclodir. Ser por hora o palco. E também o público. Tomar um susto, roubar um beijo, sentir o corpo estremecer. Se entregar sem culpa, sem cismas e não compreender a dízima dos sentimentos. Viver com gula. Agir com sede. Ter holofotes e trajes de gala. Arrumar as malas, visitar um velho amigo. Estar liberto, luzindo a libido de cada dia. Começar hoje a poesia de amanhã. Sonhar ontem o traço de hoje. E que haja tudo em seu tempo: a luz e o sofrimento. Porque tudo há de emergir na carne: cada espinho com sua cerda. Cada flor com seu momento.

Mário Liz

terça-feira, 10 de março de 2009

Por Inteiro...


Por Inteiro


(Mário Liz)

Mesmo calado o vento sopra. Mesmo morto o mar se move. Há coisas que se firmam. Acasos que formam. E há o para sempre nas pequenas coisas. Mesmo escondido o sol brilha. Mesmo perto há horizontes.

Há montes e montanhas de pensamentos. E mesmo em sono a vida não pára. E mesmo insone o ponteiro não cansa. A dança do mundo infinita os pares. Há lugares na platéia. E um imenso palco sem sombra. E mesmo aos escombros o palco se veste. E as luzes não param, não pensam, só iluminam. E ainda sem pernas as bailarinas fagulham. Elas movem as mãos, sapatilhas em luvas. E mesmo a chuva não impõe o desfecho.

Há o baile das gotas da chuva. E se chove, não há sede no baile. E mesmo ensopados os corpos se aquecem.

E mesmo aos latejos, a tristeza se perde. Há no mundo a prece que a vida chamou esperança. E se não há a entrâncias no dia, ela vem aos encantos da noite. E mesmo ao açoite dos ares, ela toca o veleiro. E mesmo aos pedaços, perdido e pequeno, o Amor está aqui.

E eu também estou, e estou por inteiro.

quarta-feira, 4 de março de 2009

As Cores

As Cores
(Mário Liz)





em vermelho mergulho,

Azul, profundo oceano,

Um novo ano verde,

Sem o cinza do tempo velho.

Valho de preto o triste,

Existe poesia na dor.

A dor é violeta.

Violeta de flor.

Miolo escuro,

Pétala forte.

A morte é branda.

Branca sua cor

Que aquarela a vida.

A vida amarela,

Laranja,

Limão,

Abóbora,

É de comer e se de ver,

Eu disse ver a vida,

Ver havida,

Acontecer.


* créditos da imagem: Romero Brito.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

(...)





(...)

Ao grande amigo Adriano Barros

Meu coração não é de pedra. Eu não me chamo Pedro. Pedro é nome de gente forte. De fortaleza. E minha força é de papel. É no papel. É no pintar com outras cores as cores da vida. Faço do preto, vermelho. Do branco, um girassol. Faço coelhos de nuvens. Faço sinfonias em sustenido-bemol. É um pouco de violão e arte. De violar a tenra parte. Subverter, divertir, divorciar, divergir, devanear. Devo devanear mil horas por dia. De ar em ar, devanear. Devanear de ver néons no fim das tardes. Às margens dos rios. Nos mares do meu coração. O sol bate nas águas. Mágoas doces. Mágoas salgadas. Mágoas são dadas a todo instante. Mas no poema a mágoa se deixa sorrir. Se faz firmar em tudo que nasce. Ainda na tristeza que brota. Ainda na cicatriz que retoca uma velha dor. As dores são as pernas da poesia. Quem nunca sentiu, que se lance no primeiro horizonte. Porque em toda fronte não corre apenas sangue. Corre um mangue de choro, corre um riso que cura, corre o segredo mais caro, corre o fogo e a pira. Por isso afagos são bons, mas não marcam. Tudo que marca, arde. Tudo que marca, morde. A pele tem de sentir pra alma não se calar. Pra não secar o lar onde a fonte enfrenta o medo. Onde o sereno não morre orvalho. Onde o gesto falho se incendeia. E o pecado se veste em luz. Com pecados claros e com a face nua. Com as ruas abertas. Com abismos, cinismos e tantos ismos. Que seja o mundo como ele é. Com a prostituição aflorando às esquinas. Com as latrinas cheirando à nossa existência. O real tem de ser real para que os sonhos não percam o seu lugar.


- Mário Liz -

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Gaiola Aberta (Vai, Alegria!)

Gaiola Aberta (Vai, Alegria!)

(Mário Liz)

Eu tenho as Sete Cabeças do Bicho de segunda a segunda.
E de segundo em segundo me viro com uma só alma.
Com minha palma esquerda bato na cara da vida.
Com a direita aceno ciao... a despedida do meu dia.
O Entardecer do coração. Da solidão estreita.
Tudo fica pequeno. O vinho, o cuspe, o veneno...
Toda versão envenena... o som, a luz, o poema.
É feito aversão a tudo.
E sigo a ver são o silêncio.
E me calo n’alegria que vai chegar.
Vai chegar a alegria.
Ela é folia que bate-e-volta.
E Minha boca a prende nos dentes.
Mas meu riso se abre. E ela se solta.

Quem sou eu

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Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).