domingo, 28 de dezembro de 2008

Redenção


REDenção
(Mário Liz)

eu ceio o amor. ceio sem saber se seio ou se pele ou se coração. o vento na direção do meu peito. minh’alma longe do chão. perto de mim. deserta de medo. repleta dos mundos que quero. refém da paixão que decoro. minhas cismas de afeto. um cheiro repleto do teu olhar. do Eu-Olhar tuas ruas. tuas carnes nuas de seda. tua nudez nas alamedas do meu desejo. eu vejo uma força tremenda a me dominar. eu sinto a loucura ninar meus ensejos. e vejo teus beijos no som que vem me abraçar. no sol que nasce vermelho. e que morre vermelho tal como o amor vai me findar. tal como as roseiras que vertem seu brilho. no caminho certo que os olhos vão repousar. tal como o sangue também é vermelho. o sangue da terra. o sangue do rio. o sangue do mar. eu tenho esse visgo nas veias. o avesso exposto no verso. universo que ponho a rimar. é por isso que ri mares na vida (ao invés de chorar). é por isso que minha flor se prende ao Agora. e que a poesia me surge Senhora: sem hora de partir ou voltar. vou estar sempre aqui. no acolá das emoções. é onde caminho. é onde me enlaço. desata teus dedos. é cedo, vem me encontrar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pra Cear...

Pra Cear


(Mário Liz)


Para Polyana


Meu coração é o vetor
Da poesia que a gente sente.
Simbóra passear...
Meu vetor sem me vetar,
Simbóra pra cear...
Todo amor que a vida dá,
Simbóra passear...
Simbóra passe ar...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Fôlego



Fôlego

(Mário Liz)

Todo ar cênico acena em mim.
Arsênico à minha tristeza.
Obscena minha dor.
Todas margaridas arrancadas no jardim.
Toda necrose do passado.
Tudo é vivo e cintilado assim.
E tudo é reduzido em nós.
Que quando desatados somos Um.
E quando sóbrios somos ninguém.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ver de Verde

(Mário Liz)

Quero verde. Ver de livro aberto toda alma. Ver de alma aberta todo livro. Verde amarelo a bandeira. Ver de vermelho a paixão. Verde-esperança o chão da nossa vida. Ver de vida a cinza desse chão. Ver devida a causa e o efeito. Ver de peito nu toda canção. Ver de jeito algum o caos que grita. Ver de infinita a tarde, a noite: dois em um. Quero verde o caminho e flores nas beiradas. Quero verde. Ver de surpresa, ver deflorada minha angústia. Ver de floradas os jardins. Ver de tão perto meus olhos. Teus olhos. Verde sempre. Ver dentro de mim.

sábado, 8 de novembro de 2008



Outro Passinho

(Mário liz)


De passinho em passinho

No Céu Lado mais lindo

No meu amor ao Céu Lado

Lado B, Lado A

Alado



quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Passinhos

(Mário Liz)

No verso pequeno o triste nem existe.
O triste faz-de-conta.
E o que existe faz-de-fato.
No verso pequeno a dor se vai no esparadrapo.
E tudo se fecha n’outro dia:
O corte da pele pela alma
E alma se abre pela pele: numa pele almada.
Pele pelada, livro aberto.
O mais belo aborto do coração.
Tão miúdo o versinho...

a engatinhar pelo chão
.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008


Impressões – II


(Mário Liz)

Nasci pra pintar o Sete. Maquiar Maquiavel. Maquinar o Menestrel da minha alma. Calma que não é só isso: Nasci disso e daquilo. Daquela e Daquele. Do colo da mamãe. Dos calos de papai. E não me poupei da poesia. Ou do passo vidente. Não contive meus dentes na tua carne que mordi. Marquei a tua pele. A tua prole. Mas Eu do meu Ser ainda sou mais. Tem dias que me faço um porto seguro. Tem dias que me curo. Tem dias que sou caro demais. Demarco minhas terras com meu cheiro. Tem dias que me beiro. N'outros vou longe, não olho pra trás. Olho através. Atravesso os avessos. Aí me calo, num lampejo de paz. Mas paz que é paz em mim dura pouco. Sou laico e louco: levo a letra que me refaz. Mergulho em paixões passageiras. Passam juras, passam peças de paixão. A paixão me toma. Ela torna a me queimar. Com Sal-Mar, Doce-Rio. Do Céu-Raio faço nuvem branca. Eu nasci pra cansar a dor que me toca... e por vezes me alcança. Nasci denso como quem canta. Nasci canto como quem dança. Nasci do canto, no canto do olhar. Bem no cantinho da parede. Já brinquei com a fome e com a sede do meu coração. Dei piruetas em gordos pulos. Voei com avental de cozinha. Super Pateta. Sem camisa, descalço. Nu em carne-peito-flor-exposta. Tão gesto como quem rege. Tão riso como quem gosta. Gosto do jeito da noite. Das luzes da noite. Dos laços da noite. Denoto quase nunca. Conoto com febre e caneta. Com notas musicais. Meu Cais que tudo sente. Que tudo sinto. Que livre minto. Que livremente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Moinho de Dentro

Menos dramático que o normal. Menos normático. Menos formal. Mais poeta e menos outra coisa. Qualquer coisa. Mais noite do que dia. Menos prosa, mais poesia. Metade de toda a minha alegria. A outra metade aqui nesse verso. Sempre intenso demais da conta. Sempre canto os amores que penso. Sempre passo liso nas pedras. Equilibrista-de-Rua. Cantador do que a alma avista. Contestador da palavra imposta. Sempre grito se o que vem pra doer silencia. Sempre ceio se o som de se dar cala a fome. Sempre mordo meus vícios no calor que me veste por dentro. Sempre centro meus dias nos sonhos que me fazem morrer e nascer. Porque morrer e nascer é a luz de brotar dia a dia. Porque adiar é latejar uma dor atrelada ao tempo. Porque o tempo é o moinho da vida. Porque a vida É. E isso me basta. Porque não há verdades castas de mentiras. E nem mentiras sem meias verdades. Porque ver os dados é tudo que minha alma deseja. Porque se lançar é a razão, se lançar é a beleza. É tomar a baliza nas mãos. E bailar pelos palcos. E descobrir novos rostos. Porque se lançar é rastrear uma folha que dança no vento. Porque ventar é o movimento do mundo. E eu sou o vento. Eu sou o mundo. Eu estou em mim.

- Mário Liz -

sábado, 13 de setembro de 2008

Impressões


Impressões


(Mário Liz)

A dor é um doce que se lambe. Na língua o amargo que se lembra. Na carne as feridas que se leva. No livro as palavras que se vive. No vaso a flor que é prisioneira. No prato a lida que se come. No coma a morte de bandeja. No banjo a nota que se canta. No canto a voz que se desenha. No dado a sorte que se joga. Na jinga o corpo que se entrega. No trigo o pão de cada dia. Na folia a carne à flor da pele. Na pele o pêlo à flor da carne. No cume o crânio da montanha. Na manha o jeito da menina. Na crina o belo do cavalo. No abalo o fel que o tempo inventa. No vento a explosão que o mundo assopra. Na safra o bem que a terra brinda. No bonde os homens ao trabalho. No galho os braços de uma árvore. No vidro a cara no espelho. Na pilha a força engarrafada. No fado o choro de uma gente. No gesto a alma das pessoas. No selo a porta de uma carta. No perto a distância sepultada. No todo a profusão de todas partes. Na arte a poesia como um todo. No dedo a digital que é tatuada. No nada a impressão de alguma coisa. No caso a solução convencionada. Na estrada o céu do automóvel. No amável o sonho que se investe. No teste, aflição e esperança. No ranço o sentimento anoitecido. Na libido o prazer e sua dança. Na criança o início do compasso. Na juventude a redenção da ponta seca. No dissabor o certo da velhice. Depois o laço que se rompe e nos desata. E nos lança à não sei quando e não sei onde. Mas quem quer saiba nunca diz ou nunca disse. E é assim que a luz se faz e vice-versa. E é que assim se desfaz e versa-e-vice.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

2 e 1




Voraz (de mansinho)

(Mário Liz)


Sonhos em balões de nuvens. Em aeronaves. Em nove mil estrelas. Em tantas mais cadentes. Em danças e confetes. Em fitas, serpentinas. Na luz no fim que nos destina. Na flor, jardim que nos distrai. E n’alma que destoa. À toa, atua, ator, mas nunca atado. As mãos sempre a voar. Vou ar, vou terra, volátil. Sinto minh’alma transpirar. Ela é quente. Ela é canto de mar. Eu sinto toda pressa do mundo que passa. E tudo me vem num poema devagar.

sábado, 2 de agosto de 2008

26


26

26 carnavais. 26 primaveras. 26 anos entre dentes e flores. Há feridas e poemas que brotam na lembrança. São amores de dias menores. Dias menores e grandes amores. Noites que não quero esquecer. E em todas primaveras houve um dedo de inverno. Houve o frio enfermo que se fez tristeza, que se fez poesia. E houve tardes de outono e folhas secas e galhos secos e palavras secas que se perderam no vento. E houve calor, verão que os olhos viram e se viraram e se deram à luz do imenso calor. E houve pavor e morte. O certo da morte em 26 carnavais. Bons amigos, uns de fé, outros de sangue. Muitos se foram. E hoje são flores. E também os meus olhos se firmaram entre fotos e dores. Vi as torres ruírem. Vi o Muro se perder em Berlin. Vi o oriente médio se tornar pequeno ante a morte e tive a sorte de nascer na América do Sul. Tive no azul do céu e já corri o mundo. Mas em tudo sempre tive a fundo. Sempre amando, sempre entre dentes. Atado em correntes ou simplesmente livre. Livremente simples. Com a buzina do Velho Guerreiro. Com o cheiro do verde. Esperança. Chico Mendes. Chico Buarque. Chico Anízio. Chico meu pai. Mário meu avô. E por onde quer que eu vá haverá uma parte de mim. Assim como há uma parte de mim em cada primavera vivida. Em cada partida. Em cada florada. Em cada levada de samba. Em cada pegada de rock. Eu sou alguém que dá trotes na vida. E na bagagem há pouca cinza nos 26 carnavais. No mais, são 26 aquarelas. E 26 portas. Umas abertas, outras nem tanto. Mas ainda para as portas fechadas há acalanto. Acalanto bem perto delas. São 26 portas e um quase-infinito de tantas janelas.

Mário Liz

terça-feira, 15 de julho de 2008

Eis agora uma postagem diferente: dois poemas-imagens.
Espero que apreciem.


I





II















quarta-feira, 18 de junho de 2008



Comercial de Sabão


Passo dias sem me dizer e é como se as palavras fugissem da minha boca. E da boca da ponta dos dedos. Ou da boca dos punhos. Mas quando o enredo novamente me ganha eis que nada me acanha e tudo volta a fluir como Mar e Rio em pororoca. É como se o tempo nunca estivesse parado. É como se o último verso de tanto tempo fosse há um segundo atrás. É como voar de bicicleta: a gente nunca esquece. Eu mesmo até hoje não me esqueci. Fechei os olhos e saltei aos céus. Pedalei e as rodas pareciam moinhos de vento. Pedalei pela lei do sonho mais forte que engole o sonho mais fraco. Pedalei no infinito exato da minha paixão. Então essa coisa de poesia vem e me toma sem tempo e sem lapso. Não há intervalo entre o meu colapso e a minha plenitude. Eu me faço rude em um dia. E no outro, pairo em brisa e pena. Descobri que eu sou meu poema e que minha alma desliza no azulejo molhado. E descobri que nos dias de seca mais vale a minha palavra esperar. Porque no Sul de Minas sempre chove. Chove lá fora e chove aqui dentro. No centro do meu deserto. Aí tudo parece mais perto ainda que esteja tão e mais longe. Ainda que a dor me venha com caras e bocas de Esfinge. Não há a problema: eu a devoro. Com um pouco de cloro o preto se torna branco. E é como a poesia surge no meu coração: nasce preta, morre branca: um comercial de sabão.


- Mário Liz -

domingo, 1 de junho de 2008


amor é coisa de gente.
é imperfeito, dolorido.
amor é alarido e orquestra.
é desarranjo e sinfonia.
amar é afanar do mundo a poesia.
e tê-la em si. dó. ré. mi. fá. sol. lá
onde a alma não se silencia.

(Mário Liz)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

palavra(Poema)palavra


PALAVRA BEM DITA, BENEDITA.
PALAVRA DEVOTA, DONA GAIVOTA.
PALAVRA MULATA, SENHOR GRINGO.
PALAVRA DE DOMINGO.
PALAVRA DE SÁBADO.
PALAVRA CÁGADO, DONA TARTARUGA.
PALAVRA VERRUGA, DONA BRUXA.
PALAVRA MURCHA, REMÉDIO AZUL.
PALAVRA CRUA COM POUCA ROUPA.
PALAVRA POLPA, MENINA FRUTA.
PALAVRA ENXUTA, MANHÃ DE SOL.
PALAVRA MÚSICA, BATUTA EM MÃO.
PALAVRA CÃO, CORRE GATINHA.
PALAVRA LINHA, MEU CARRETEL.
PALAVRA CÉU, NUVEM FESTEIRA.
PALAVRA BEIRA, QUASE CAÍ.
PALAVRA RI, MUNDO QUE CHORA.
PALAVRA AFORA, PALAVRA FURA.
PALAVRA FERE, PALAVRA CURA.
PALAVRA COFRE, SENHOR ONOFRE.
PALAVRA MOEDA, PEITO DE PEDRA.
PALAVRA MERDA, DENTRO DA GENTE.
MUNDO FRIO, PALAVRA QUENTE.
PALAVRA QUENTE, TERRA FRIA.
PALAVRA GIGANTE, PALAVRA POESIA.
PALAVRA PASSEIA, MADAME SEREIA.
PALAVRA SERIA, MAS LOGO SE FOI.
PALAVRA REBENTA, PALAVRA DISPÕE.
PALAVRA DISTRAI, PALAVRA REPÕE.
PALAVRA COM PÃO, PALAVRA COMPÕE.
PALAVRA COMPAIXÃO, PALAVRA SEM PAIXÃO.
SOLIDÃO, PALAVRA SEM CHÃO.
PALAVRA JUNTA, PALAVRA QUE ASSUNTA.
PALAVRA ACENTO, PALAVRA AGUDA.
PALAVRA FERMENTO, PALAVRA FIRMA.
PALAVRA FIRME NO FIRMAMENTO.
PALAVRA MEL, FEITO ABELHA.
PALAVRA OVELHA, PALAVRA DE LÃ.
PALAVRA DA ALMA MINHA,
PALAVRA DO MEU AMANHÃ.

- Mario liz -

domingo, 11 de maio de 2008



dias tamanhos e manhãs vividas e idas e voltas e escoltas e saltos e vôos sem rumo (de sapatos no chão). e pisos de asfalto em asfaltos de sonhos e vidros vermelhos e espelhos de corpo, de carne e de pão. e verbos e cismas e carões e carismas e correntes e cordas e bordas e centros (entro e não peço perdão). e impulsos de queda e brancas escadas e o sol nas sacadas da minha ilusão. olhos de mira e pedras de muro e mudas de medo e espasmos de midas e amores sem modos e mundos inteiros no meu coração.


(Mário Liz)

domingo, 4 de maio de 2008

Limbo



Algo dá no céu. Algodão nos ares. Algo brota em mim. Além de mim. Além dos mares. Algo dá nos mares. Algas dão. Algo assim sem que repare. E que as ondas levam para o chão. Algo chove em dias pares. Em páreo o céu e a solidão. E n’outros dias - sol me lida. Trem da vida e seu vagão. Algo vaga em mim. Trilho sim. Trilho não. E desembarca a me sentir. Sem despedir. Sem direção. Algo parte a me partir. A deportar meu coração. Sem se portar e sem mentir. São tantas vidas cá em mim. Dia sim, dia sim. Sim, elas são.


- Mário Liz -

terça-feira, 29 de abril de 2008

Anoite(Ser)




Eu hoje anoiteci até o fim. Até o fim, como de costume. Com traços de céu na estrada. E vigas de vaga-lume. Quando anoiteço eu não me esqueço do dia. Sou noites de sol e poemas sem endereço. Eu me embaraço nos sentimentos da vida. Eu me perco nos traços do mundo. Mas é sempre ao léu que eu me encontro. Eu me encanto com as coisas perdidas. Perdido é que teço meu canto. D’outro jeito eu não seria poeta. Eu seria arquiteto. Arquitetos têm tetos de pedra. Eu tenho tetos de estrelas. Eu nada sou se não as tenho. Como hei de ser se não tê-las? Eu talvez seria frio e forte. E minha vida pouco seria (além do que resta à vida, senão a morte). Eu talvez seria um corte que não se fecha. Uma flecha que finca e morre sedenta no mesmo lugar. É bem verdade que tudo seria menos intenso. Mesmo a dor. Mesmo teu cheiro de incenso. É por isso que eu prefiro latejar. Eu prefiro lá te ter e aqui eu me cortar. Dançar a valsa da vida e dormir. E amanhã acordar. E me levar à leme e lume. E feito hoje, anoitecer até o fim. Até o fim, como de costume.

Mário Liz

domingo, 27 de abril de 2008

Silêncio Azul


Por onde anda a minha voz.
Interrogação.
Dia a dia rogada.
É tudo esse frio azul.
Mordida seca e gelada.
Dentes de gelo na carne do amor.
Mordida-rente-crua.
PerpeTUA-MINHA-dor.



(Mário Liz)

sábado, 26 de abril de 2008

(...)


Na fração de um dia
Um sopro de tempo ventou-me poesia.
Quebrou-me o esquecimento da alma na carne,
Da vereda vazia.
De quando eu estava em lugar algum,
De quando o agora doía.
De quando tudo me falava e nada me dizia.
De quando a fria palavra me tocava
E ante ao fogo minha pele sequer ardia.
De quando a vida apenas se mostrava
Da cortina que não se abria.
Mas se hoje há palco
Ainda que pouco me basto.
Pois há poesia no amargo que ranço.
E há poesia nas flores que faço.


(Mário Liz)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eu-Poema-da-Minha-Luz




Sou dado à liberdade / Soldado das nuvens / Sou dados ao vento / Sou dedos a estalar / Sou tudo que dança / Sou denso / Sou terna criança / Eterno em mim / Sou fúria / Sou rastro / Sou tara / Solteiro / Solto meus cães / E me sirvo do teu olhar / Sou leve / Sou livro / Sou Louvre / Sou livre / Sou léguas e lagos / E fontes e mar / Sou cara / Sou cura / Sou giro / Sou jura / Sou tudo que gera / Sou fera / Safira / Sou carne / Sou pedra / Sou puro / Sou pare / Sou siga / Amarelo / Azul / Vermelho / Espalho meu tempo no mundo / Sou espelho / Sou Estado / Sou alma / Sofisma / Sou tudo
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(Mário Liz)

sábado, 19 de abril de 2008


lá fora o tempo gira
lá fora o tempo gira aqui dentro
aqui dentro me faço lá fora
num giro de dentro

a rosa-dos-ventos
pela vida afora
no passo que sai do centro
no riso que vai embora
lá fora o tempo gira
gira aqui dentro o mundo lá fora
(Mário Liz)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dentes e Flores





rios e mares e amores
entre dentes e flores


(Mário Liz)

sábado, 12 de abril de 2008

...




há tanto de mim em tudo que sinto,
que quando amo não sei se amo porque amo,
e quando sinto, seja lá o que sinto, amo.
há tanto de mim em tudo que amo.
e há tanto de tudo nas coisas que sinto.

(Mário Liz)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

.
.
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Não quero ir-lírio se o jardim não pede flor
Não quero ir-flor se a dor pede delírio
Quero ser avesso e hilário
Meio Mar Meio Rio
Completamente Mário
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(Mário Liz)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Esquina




Este reticencialismo em meu existencialismo. Um abismo a cada passo dado. Dedos de luz pra acalentar o perdido. E meu verso a pendular multi lado. Entre linhas de tempo futuro-presente-passado. Tudo inverso. Morrer e nascer (todo dia um bocado). Toda boca em meu beijo falado. Toda falha tal como um pecado. E na sombra do riso. Um riso sem sombra. Escancarado. Tão na cara que ri nos poros. Tão intenso que nunca pára. Tão pirado que rodopia. Tão piada que me sacode. Eu tenho um riso que pode o que ninguém pode. Pois quando choro minh’alma explode. E quando explodo sou vento e partes. E quando vento sou tudo e todo. Eu que sou eu quando dentro de mim. Centro de ar e fogo. Palavra que dança e vive. Esquina do meu socorro.

(Mário Liz)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Intensa Criatura (se Teu...)



I
Ah, desalento em dias de mar. Desacato de corpo e de alma. Nem mesmo o que veste o momento. E nem toda calma. Sou fronte sem elmo a vagar. Eu de mim, todo lugar. Eu lar. Eu par. Minha sombra e eu. Vislumbre de nada. Terreno ateu. Seca ao brotar. Só germino se teu.

II
Se teu, num sopro germino.

Acalmo em sonhos.
Nino se teu.
Se teu, sou tal.
Sou meu.
Sou mais Bem.
Sou menos mal.
Se teu, sou mais sal.
Sou azul.
Sou mais cores.
Sou mais caro.
Sou mais cheiro.
Sou mais faro.
Se teu, sou menos desamparo.
Sou menos desespero.
Sou estrutura.
Se teu, sou livre.
Se teu, soltura.
Sol da minha carne.
Intensa Criatura.

Se teu, sou Eu.


(Mário Liz)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Sangria





há uma força descompassada que me alarga o jeito. e que vem sisuda e sem tato na carne da alma do peito.

e há um brilho que bule e que adoça o fel dessa força. e quando ela vem é como se a dor fosse um rio que o Sol reduz numa poça.

há uma força que me pede uma peça a cada manhã que a vida tece. e eu vou de pronto aos atores que amo e que explodem enquanto a vida acontece.

há uma prece que me formiga na força dos passos. e há uma força que emana essa prece. que me desata em sangria e me apossa.

e há nesse todo uma vida impressa. minha carne exposta. meu respaldo à falta de tudo e de mim. e há uma força no meu vazio. e aqui miro a resposta.


(Mário Liz)

domingo, 2 de março de 2008

Alado (em dias de Mar)


tudo como sempre foi. de segunda à segunda. de segundo a segundo. a tempestade. o copo d’água. a mágoa. a cartola, o mago. o mega-fone às palavras. a peleja. a pele em corte. o curta. o longa. metragens do tempo. meteoros caídos. amores calados. colhidos. ceifados. vividos. sufocados. aos bocados em mim. tantos amores. emaranhados. emocionados. desgarrados. gotejados. gaguejados. surgidos. premeditados. ditados chineses. sempre milenares. e eu pelos ares. em rios e mares. no dia-a-dia-de-todo-dia. na alegria. nos olhares. eu no céu por tudo. eu-tudo em todos lugares. como se o mundo fosse um espelho. aqui e acolá me espalho. aqui e a colar impressões. sobrancelhas, sorrisos. chocalhos e guizos. gozo de alma. tristeza. beleza. pulso-punho-e-palma. salmos de Davi. da vida. do sonho. do surto. e do certo da morte. do medo estampado. do pulo. da cerca. das farpas dos verbos. ação, reação. sucção. nestas veias corre o mundo. e o mundo não tem quarteirão. corre que corre mundo. amando a me dirigir. alado e sem direção.

(Mário Liz)

Quem sou eu

Minha foto
Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).