terça-feira, 24 de março de 2009

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Ver o sol nascer. A chuva cair. O céu estrelar. A lua surgir (refletida no mar). Sentir o chão nos pés. O vento no rosto. O gosto salgado, doce, azedo. Cedo ou tarde, não importa. Andar em zigue-zague com Deus em linhas tortas. Andar aos assovios. Assoprar a sopa quente. Cantar intensamente qualquer canção. Por menor que seja. Por menor que surja no coração. Ter um cãozinho e uma árvore e um canteiro e um livro de se tocar ou tatear na memória. Contar histórias, estórias, estados de espírito. Espalhar espuma no banho, ter medo do escuro. Ter a cura em um sorriso. Arrancar o siso. Ser liso de vez em quando. Chorar por amor. Derramar o leite. Errar, pular, embriagar, eclodir. Ser por hora o palco. E também o público. Tomar um susto, roubar um beijo, sentir o corpo estremecer. Se entregar sem culpa, sem cismas e não compreender a dízima dos sentimentos. Viver com gula. Agir com sede. Ter holofotes e trajes de gala. Arrumar as malas, visitar um velho amigo. Estar liberto, luzindo a libido de cada dia. Começar hoje a poesia de amanhã. Sonhar ontem o traço de hoje. E que haja tudo em seu tempo: a luz e o sofrimento. Porque tudo há de emergir na carne: cada espinho com sua cerda. Cada flor com seu momento.

Mário Liz

terça-feira, 10 de março de 2009

Por Inteiro...


Por Inteiro


(Mário Liz)

Mesmo calado o vento sopra. Mesmo morto o mar se move. Há coisas que se firmam. Acasos que formam. E há o para sempre nas pequenas coisas. Mesmo escondido o sol brilha. Mesmo perto há horizontes.

Há montes e montanhas de pensamentos. E mesmo em sono a vida não pára. E mesmo insone o ponteiro não cansa. A dança do mundo infinita os pares. Há lugares na platéia. E um imenso palco sem sombra. E mesmo aos escombros o palco se veste. E as luzes não param, não pensam, só iluminam. E ainda sem pernas as bailarinas fagulham. Elas movem as mãos, sapatilhas em luvas. E mesmo a chuva não impõe o desfecho.

Há o baile das gotas da chuva. E se chove, não há sede no baile. E mesmo ensopados os corpos se aquecem.

E mesmo aos latejos, a tristeza se perde. Há no mundo a prece que a vida chamou esperança. E se não há a entrâncias no dia, ela vem aos encantos da noite. E mesmo ao açoite dos ares, ela toca o veleiro. E mesmo aos pedaços, perdido e pequeno, o Amor está aqui.

E eu também estou, e estou por inteiro.

quarta-feira, 4 de março de 2009

As Cores

As Cores
(Mário Liz)





em vermelho mergulho,

Azul, profundo oceano,

Um novo ano verde,

Sem o cinza do tempo velho.

Valho de preto o triste,

Existe poesia na dor.

A dor é violeta.

Violeta de flor.

Miolo escuro,

Pétala forte.

A morte é branda.

Branca sua cor

Que aquarela a vida.

A vida amarela,

Laranja,

Limão,

Abóbora,

É de comer e se de ver,

Eu disse ver a vida,

Ver havida,

Acontecer.


* créditos da imagem: Romero Brito.

Quem sou eu

Minha foto
Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).