4 Atos
I
CorpoLíngua, PelePêlo, Calor&Tato. Sou água, sou ar, suor. Te molho os seios, entro e saio sem pedir licença. Te sugo os sais a sós e acendo os sóis da tua febre a me queimar. Te cego e sigo em tuas curvas claras e toco e beijo as tuas curvas turvas. Te travo as unhas no meu peito aberto e aborto o caos da minha alma toda. Te molho as pernas e os teus segredos e os teus sagrados se consagram nos Ais da tua voz.
II
Me dou em brados, gritos inteiros, quebrados, solfejos de cama, cítara, de kama-sutra. Ritos de seita. De açoite. Aceita! É o gosto ébrio da noite. Impulso nato. Farto. Um quarto inteiro. Travesseiros. Travessuras. Um quarto em qualquer lugar. Nos montes. Nos matos. Teu grito. Um silvo na selva. Ressalva que não existe. Teu grito. Grato meu corpo no teu. É como se fosse um eco. É feito um poema meu.
III
Te abro as pernas. Te dou meu dorso. Tua palma espalma. Eu me contorço. Te aperto os quadris. Inverto respostas. Me verto em tuas costas. Te tomo a cintura. É pele. É carne. Os ossos. É tudo a fio. Um gosto de sal. Os nervos a mil. E não percebemos que há mundo. Pois o mundo não há. Há apenas os nossos corpos. E qualquer sinfonia coadjuvante. A se fundir com os gritos. No agrado de nosso instante...
IV
E no ato quarto quando tu te vais: o Poeta é chão. O poeta é solo. Dedos abertos que contam segundos. Dedos fechados que explodem consolo...
(mário liz)