Comercial de Sabão
Passo dias sem me dizer e é como se as palavras fugissem da minha boca. E da boca da ponta dos dedos. Ou da boca dos punhos. Mas quando o enredo novamente me ganha eis que nada me acanha e tudo volta a fluir como Mar e Rio em pororoca. É como se o tempo nunca estivesse parado. É como se o último verso de tanto tempo fosse há um segundo atrás. É como voar de bicicleta: a gente nunca esquece. Eu mesmo até hoje não me esqueci. Fechei os olhos e saltei aos céus. Pedalei e as rodas pareciam moinhos de vento. Pedalei pela lei do sonho mais forte que engole o sonho mais fraco. Pedalei no infinito exato da minha paixão. Então essa coisa de poesia vem e me toma sem tempo e sem lapso. Não há intervalo entre o meu colapso e a minha plenitude. Eu me faço rude em um dia. E no outro, pairo em brisa e pena. Descobri que eu sou meu poema e que minha alma desliza no azulejo molhado. E descobri que nos dias de seca mais vale a minha palavra esperar. Porque no Sul de Minas sempre chove. Chove lá fora e chove aqui dentro. No centro do meu deserto. Aí tudo parece mais perto ainda que esteja tão e mais longe. Ainda que a dor me venha com caras e bocas de Esfinge. Não há a problema: eu a devoro. Com um pouco de cloro o preto se torna branco. E é como a poesia surge no meu coração: nasce preta, morre branca: um comercial de sabão.
- Mário Liz -
Passo dias sem me dizer e é como se as palavras fugissem da minha boca. E da boca da ponta dos dedos. Ou da boca dos punhos. Mas quando o enredo novamente me ganha eis que nada me acanha e tudo volta a fluir como Mar e Rio em pororoca. É como se o tempo nunca estivesse parado. É como se o último verso de tanto tempo fosse há um segundo atrás. É como voar de bicicleta: a gente nunca esquece. Eu mesmo até hoje não me esqueci. Fechei os olhos e saltei aos céus. Pedalei e as rodas pareciam moinhos de vento. Pedalei pela lei do sonho mais forte que engole o sonho mais fraco. Pedalei no infinito exato da minha paixão. Então essa coisa de poesia vem e me toma sem tempo e sem lapso. Não há intervalo entre o meu colapso e a minha plenitude. Eu me faço rude em um dia. E no outro, pairo em brisa e pena. Descobri que eu sou meu poema e que minha alma desliza no azulejo molhado. E descobri que nos dias de seca mais vale a minha palavra esperar. Porque no Sul de Minas sempre chove. Chove lá fora e chove aqui dentro. No centro do meu deserto. Aí tudo parece mais perto ainda que esteja tão e mais longe. Ainda que a dor me venha com caras e bocas de Esfinge. Não há a problema: eu a devoro. Com um pouco de cloro o preto se torna branco. E é como a poesia surge no meu coração: nasce preta, morre branca: um comercial de sabão.
- Mário Liz -
4 comentários:
To the owner of this blog, how far youve come?You were a great blogger.
Caro poeta,
Sei que não vos conheço e até a data de hoje sequer conhecia seu blog, um livro à céu aberto.
Fato é que, antes de comentar sobre o comercial de sabão, faço questão de explicitar a beleza de sua poesia inicial (Mar/Rio)!!! Fiquei fascinado com as formas justapostas de duas simples palavras, com infinitos significados...
Neste momento, "sabonetarei": parabéns por mais uma bela poesia! Sei que sou pouco para fazer qualquer análise sobre sua obra grandiosa, mas digo, sem exitar, que a metáfora das pedaladas não me sai da cabeça; assim como a fusão de cores coloridas e sépias. São coisas ditas sem dizer que me encantam!!!
Deixarei apenas estas palavras, pois pouco sei escrever e se tudo expressa agora, não mais poderei retornar aqui para deleitar-me com suas poesias tão belas...
Abraços de um "Vestibulando Pirado".
Há muito não te leio...mas prometo que volto. Volto e te leio!
beijos, poeta!
Nha, agora li! Mas faz teeeempo...por onde andas por aí pelas bandas do sul de Minas? Sinto saudades, muitas saudades, poeta!
Não suma por completo.
Beijos,
Cris
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