quarta-feira, 18 de junho de 2008



Comercial de Sabão


Passo dias sem me dizer e é como se as palavras fugissem da minha boca. E da boca da ponta dos dedos. Ou da boca dos punhos. Mas quando o enredo novamente me ganha eis que nada me acanha e tudo volta a fluir como Mar e Rio em pororoca. É como se o tempo nunca estivesse parado. É como se o último verso de tanto tempo fosse há um segundo atrás. É como voar de bicicleta: a gente nunca esquece. Eu mesmo até hoje não me esqueci. Fechei os olhos e saltei aos céus. Pedalei e as rodas pareciam moinhos de vento. Pedalei pela lei do sonho mais forte que engole o sonho mais fraco. Pedalei no infinito exato da minha paixão. Então essa coisa de poesia vem e me toma sem tempo e sem lapso. Não há intervalo entre o meu colapso e a minha plenitude. Eu me faço rude em um dia. E no outro, pairo em brisa e pena. Descobri que eu sou meu poema e que minha alma desliza no azulejo molhado. E descobri que nos dias de seca mais vale a minha palavra esperar. Porque no Sul de Minas sempre chove. Chove lá fora e chove aqui dentro. No centro do meu deserto. Aí tudo parece mais perto ainda que esteja tão e mais longe. Ainda que a dor me venha com caras e bocas de Esfinge. Não há a problema: eu a devoro. Com um pouco de cloro o preto se torna branco. E é como a poesia surge no meu coração: nasce preta, morre branca: um comercial de sabão.


- Mário Liz -

4 comentários:

Anônimo disse...

To the owner of this blog, how far youve come?You were a great blogger.

Anônimo disse...

Caro poeta,
Sei que não vos conheço e até a data de hoje sequer conhecia seu blog, um livro à céu aberto.
Fato é que, antes de comentar sobre o comercial de sabão, faço questão de explicitar a beleza de sua poesia inicial (Mar/Rio)!!! Fiquei fascinado com as formas justapostas de duas simples palavras, com infinitos significados...
Neste momento, "sabonetarei": parabéns por mais uma bela poesia! Sei que sou pouco para fazer qualquer análise sobre sua obra grandiosa, mas digo, sem exitar, que a metáfora das pedaladas não me sai da cabeça; assim como a fusão de cores coloridas e sépias. São coisas ditas sem dizer que me encantam!!!
Deixarei apenas estas palavras, pois pouco sei escrever e se tudo expressa agora, não mais poderei retornar aqui para deleitar-me com suas poesias tão belas...
Abraços de um "Vestibulando Pirado".

Cristine Bartchewsky Lobato disse...

Há muito não te leio...mas prometo que volto. Volto e te leio!


beijos, poeta!

Cristine Bartchewsky Lobato disse...

Nha, agora li! Mas faz teeeempo...por onde andas por aí pelas bandas do sul de Minas? Sinto saudades, muitas saudades, poeta!

Não suma por completo.

Beijos,

Cris

Quem sou eu

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Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).