Impressões
(Mário Liz)
A dor é um doce que se lambe. Na língua o amargo que se lembra. Na carne as feridas que se leva. No livro as palavras que se vive. No vaso a flor que é prisioneira. No prato a lida que se come. No coma a morte de bandeja. No banjo a nota que se canta. No canto a voz que se desenha. No dado a sorte que se joga. Na jinga o corpo que se entrega. No trigo o pão de cada dia. Na folia a carne à flor da pele. Na pele o pêlo à flor da carne. No cume o crânio da montanha. Na manha o jeito da menina. Na crina o belo do cavalo. No abalo o fel que o tempo inventa. No vento a explosão que o mundo assopra. Na safra o bem que a terra brinda. No bonde os homens ao trabalho. No galho os braços de uma árvore. No vidro a cara no espelho. Na pilha a força engarrafada. No fado o choro de uma gente. No gesto a alma das pessoas. No selo a porta de uma carta. No perto a distância sepultada. No todo a profusão de todas partes. Na arte a poesia como um todo. No dedo a digital que é tatuada. No nada a impressão de alguma coisa. No caso a solução convencionada. Na estrada o céu do automóvel. No amável o sonho que se investe. No teste, aflição e esperança. No ranço o sentimento anoitecido. Na libido o prazer e sua dança. Na criança o início do compasso. Na juventude a redenção da ponta seca. No dissabor o certo da velhice. Depois o laço que se rompe e nos desata. E nos lança à não sei quando e não sei onde. Mas quem quer saiba nunca diz ou nunca disse. E é assim que a luz se faz e vice-versa. E é que assim se desfaz e versa-e-vice.
(Mário Liz)
A dor é um doce que se lambe. Na língua o amargo que se lembra. Na carne as feridas que se leva. No livro as palavras que se vive. No vaso a flor que é prisioneira. No prato a lida que se come. No coma a morte de bandeja. No banjo a nota que se canta. No canto a voz que se desenha. No dado a sorte que se joga. Na jinga o corpo que se entrega. No trigo o pão de cada dia. Na folia a carne à flor da pele. Na pele o pêlo à flor da carne. No cume o crânio da montanha. Na manha o jeito da menina. Na crina o belo do cavalo. No abalo o fel que o tempo inventa. No vento a explosão que o mundo assopra. Na safra o bem que a terra brinda. No bonde os homens ao trabalho. No galho os braços de uma árvore. No vidro a cara no espelho. Na pilha a força engarrafada. No fado o choro de uma gente. No gesto a alma das pessoas. No selo a porta de uma carta. No perto a distância sepultada. No todo a profusão de todas partes. Na arte a poesia como um todo. No dedo a digital que é tatuada. No nada a impressão de alguma coisa. No caso a solução convencionada. Na estrada o céu do automóvel. No amável o sonho que se investe. No teste, aflição e esperança. No ranço o sentimento anoitecido. Na libido o prazer e sua dança. Na criança o início do compasso. Na juventude a redenção da ponta seca. No dissabor o certo da velhice. Depois o laço que se rompe e nos desata. E nos lança à não sei quando e não sei onde. Mas quem quer saiba nunca diz ou nunca disse. E é assim que a luz se faz e vice-versa. E é que assim se desfaz e versa-e-vice.
4 comentários:
Meu querido Poeta, como sempre eu amei....
impossivel não gostar de ler o que você escreve....engraçado que ao ler, eu meio que "escutava" você lendo o texto....rs
beijos e saiba q vc é meu poeta preferido....rs
E nas suas mãos as palavras têm vida...
Muito lindo tudo isso!:)
Parabéns, Mário!
Sua forma de escrever é muito criativa.
Confesso que não li tudo!
Porém gostei muito de tudo que li. :)
Um abraço!
Postar um comentário