não me tirem daqui. deixem meu corpo no céu. no ar, sou dirigível. no chão, sou digerível. o mundo me come. trava meu passo com dentes. traz meu inferno com Dante. e me pede pra ser condizente. como se fosse possível... como se fosse plausível transformar sentimentos em razão! talvez apenas se alma fosse um monte de argila... e eu não fosse todo coração. mas mesmo assim: uma parte já seria o bastante. se enraizaria no concreto com aquele jeito terno e aconchegante. e ao final, poria a razão novamente ali: com a poeira dos livros na estante. com a poesia sóbria de uma segunda-feira. ou com um cigarro à beira de um cinzeiro. e uma xícara de café... sem açúcar. adoçado com terra. todas colheres de chão. por isso não... não me tirem daqui. cuidem do terreno e do mundo que chamam de seu. e deixem meu corpo no céu...
(mário liz)
4 comentários:
Seus posts voltaram a ser delicados, leves feito nuvem... Que você possa voar livre e despreocupado nesse céu!
"O mais belo estado da vida é a dependência livre e voluntária: e como seria ela possível sem amor?" (Johann Goethe)
Um céu estrelado nos versos deste poeta. E um café adoçado com o açucar dos nossos momentos, porque de amargas ja bastam as tempestades que se foram...
Je t'aime, mon poète.
"e ao final,
poria a razão novamente ali:
com a poeira dos livros
na estante."
É onde ela deve permanecer
(quase sempre).
Beijo,
Doce de Lira
fiquei arrepiada.
adoro passar aqui depois de muito tempo.
suas palavras são sempre tão simples e diretas. isso é arte. isso que me toca.
sou fã.
beijos.
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