que a alma dos meus versos seja urubuzante: nas térmicas do céu e nas carniças do chão, e desmetrificada, feito um moleque que nasceu soneto, mas depois se rendeu à orgia da poesia-sem-pudor. que meus verbos e minhas inações possam ferir da mesma maneira, e que jamais eu leve quietude às pessoas, porque da quietude ao marasmo e do marasmo à indiferença, quase não há diferença alguma. que a fome da minha vida por amores seja desmedida, instintiva, incansável e que jamais minha pele se acalme com o morno, minha língua com o insosso e meu gozo, com um tesão de urina. que minhas dores me façam verter todo sangue que comporto... para que depois eu possa me inebriar do sangue de quem me abomina... até o última gota... até vômito irracional da satisfação. que o meu soluçar seja de embriaguez e o meu silêncio, apenas o do repouso necessário... ou no mínimo, aquele que precede o urro. o berro. o erro. e qualquer coisa que faça o medo escarrar. ou o medo, ou o amor, ou a vaidade...
porque eu sou poeta... e eu quero que os sentimentos cuspam em mim.
(mário liz)
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