terça-feira, 29 de abril de 2008

Anoite(Ser)




Eu hoje anoiteci até o fim. Até o fim, como de costume. Com traços de céu na estrada. E vigas de vaga-lume. Quando anoiteço eu não me esqueço do dia. Sou noites de sol e poemas sem endereço. Eu me embaraço nos sentimentos da vida. Eu me perco nos traços do mundo. Mas é sempre ao léu que eu me encontro. Eu me encanto com as coisas perdidas. Perdido é que teço meu canto. D’outro jeito eu não seria poeta. Eu seria arquiteto. Arquitetos têm tetos de pedra. Eu tenho tetos de estrelas. Eu nada sou se não as tenho. Como hei de ser se não tê-las? Eu talvez seria frio e forte. E minha vida pouco seria (além do que resta à vida, senão a morte). Eu talvez seria um corte que não se fecha. Uma flecha que finca e morre sedenta no mesmo lugar. É bem verdade que tudo seria menos intenso. Mesmo a dor. Mesmo teu cheiro de incenso. É por isso que eu prefiro latejar. Eu prefiro lá te ter e aqui eu me cortar. Dançar a valsa da vida e dormir. E amanhã acordar. E me levar à leme e lume. E feito hoje, anoitecer até o fim. Até o fim, como de costume.

Mário Liz

domingo, 27 de abril de 2008

Silêncio Azul


Por onde anda a minha voz.
Interrogação.
Dia a dia rogada.
É tudo esse frio azul.
Mordida seca e gelada.
Dentes de gelo na carne do amor.
Mordida-rente-crua.
PerpeTUA-MINHA-dor.



(Mário Liz)

sábado, 26 de abril de 2008

(...)


Na fração de um dia
Um sopro de tempo ventou-me poesia.
Quebrou-me o esquecimento da alma na carne,
Da vereda vazia.
De quando eu estava em lugar algum,
De quando o agora doía.
De quando tudo me falava e nada me dizia.
De quando a fria palavra me tocava
E ante ao fogo minha pele sequer ardia.
De quando a vida apenas se mostrava
Da cortina que não se abria.
Mas se hoje há palco
Ainda que pouco me basto.
Pois há poesia no amargo que ranço.
E há poesia nas flores que faço.


(Mário Liz)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eu-Poema-da-Minha-Luz




Sou dado à liberdade / Soldado das nuvens / Sou dados ao vento / Sou dedos a estalar / Sou tudo que dança / Sou denso / Sou terna criança / Eterno em mim / Sou fúria / Sou rastro / Sou tara / Solteiro / Solto meus cães / E me sirvo do teu olhar / Sou leve / Sou livro / Sou Louvre / Sou livre / Sou léguas e lagos / E fontes e mar / Sou cara / Sou cura / Sou giro / Sou jura / Sou tudo que gera / Sou fera / Safira / Sou carne / Sou pedra / Sou puro / Sou pare / Sou siga / Amarelo / Azul / Vermelho / Espalho meu tempo no mundo / Sou espelho / Sou Estado / Sou alma / Sofisma / Sou tudo
.
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(Mário Liz)

sábado, 19 de abril de 2008


lá fora o tempo gira
lá fora o tempo gira aqui dentro
aqui dentro me faço lá fora
num giro de dentro

a rosa-dos-ventos
pela vida afora
no passo que sai do centro
no riso que vai embora
lá fora o tempo gira
gira aqui dentro o mundo lá fora
(Mário Liz)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dentes e Flores





rios e mares e amores
entre dentes e flores


(Mário Liz)

sábado, 12 de abril de 2008

...




há tanto de mim em tudo que sinto,
que quando amo não sei se amo porque amo,
e quando sinto, seja lá o que sinto, amo.
há tanto de mim em tudo que amo.
e há tanto de tudo nas coisas que sinto.

(Mário Liz)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

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Não quero ir-lírio se o jardim não pede flor
Não quero ir-flor se a dor pede delírio
Quero ser avesso e hilário
Meio Mar Meio Rio
Completamente Mário
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(Mário Liz)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Esquina




Este reticencialismo em meu existencialismo. Um abismo a cada passo dado. Dedos de luz pra acalentar o perdido. E meu verso a pendular multi lado. Entre linhas de tempo futuro-presente-passado. Tudo inverso. Morrer e nascer (todo dia um bocado). Toda boca em meu beijo falado. Toda falha tal como um pecado. E na sombra do riso. Um riso sem sombra. Escancarado. Tão na cara que ri nos poros. Tão intenso que nunca pára. Tão pirado que rodopia. Tão piada que me sacode. Eu tenho um riso que pode o que ninguém pode. Pois quando choro minh’alma explode. E quando explodo sou vento e partes. E quando vento sou tudo e todo. Eu que sou eu quando dentro de mim. Centro de ar e fogo. Palavra que dança e vive. Esquina do meu socorro.

(Mário Liz)

Quem sou eu

Minha foto
Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).