terça-feira, 3 de novembro de 2009

Segmentação

Segmentação


mário liz


cerveja clara. preta. vermelha. café forte. café fraco. com açúcar. com adoçante. com cafeína. descafeinado. leite gordo. leite magro. vida curta. longa vida. leite em pó. pão de trigo. pão-de-batata. pão-de-ló. manteiga. margarina. queijo branco. amarelo. fresco. mofado. requeijão de minas. requeijão do norte. com sorte escolho o que comer ainda hoje. e haja escolha. haicai. poemeto. soneto. poema livre. poema preso. prosa poética. canções de rua. choro. samba. bossa. samba-rock. rock’n’roll. progressivo. punk. metal. blues. jazz. fusion. erudito. tudo à sete notas. ou à uma chave: carro sedan. ret. sem versível. conversível. conversas em comando de voz. celulares. tevêlulares. computadores em todos os lares. pc. notebook. laptop. top models. modelos fotográficas. michês. garotos de programa. prostitutas. acompanhantes. fórmula 1. fórmula 3. fórmulas em bulas. pílulas. comprimidos. xaropes. seringas. drágeas. drogas. fumáveis. cheiráveis. sintéticas. patéticas. adoráveis. heterossexuais. homossexuais. transexuais. pansexuais. xiitas. sunitas. cristãos. budistas. judeus. nazistas. narcisistas. cabisbaixos. endêmicos. anêmicos. hipoglicêmicos. diabéticos. dias crentes. dias céticos. condomínios. favelas. casas. chalés. apartamentos. coberturas. sorvetes. sacolés. ambulantes. braçais. tecnólogos. acadêmicos... no traço cênico que o mundo os faz. os corpos, os tatos se ajuntam. e a vida os explode, sem mais.

11 comentários:

Juliana Teles disse...

um mundo de imagens em menos de um minuto. isso é tua poesia e muito mais amigopoeta :) beijos!!!

Ju Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliana Santos disse...

Tudo segmentado, interligado, ramificado, de tudo e todos diferentes se junta tudo num só...não importa a marca o carro anda, não importa a religião somos uma humanidade...

Renata de Aragão Lopes disse...

Quantas opções
ao alcance
dos sentidos...

Não será por isso
que nos sentimos
tão perdidos?

Obrigada, Mário,
por suas palavras
sempre tão atenciosas
no doce de lira.
Um grande abraço!

Mário Liz disse...

se tivéssemos mil olhos, ainda seriam poucos ... se tivéssemos 7 vidas, nos faltariam mais 7. O mundo se tornou uma teia infinita... e tudo se multiplica na velocidade do pensamento ...

o que não se pode esquecer é que ainda existe a unidade. Em meio às ramificações, ainda somos UM.

respondendo à indagação da Renata:

é justamente o esquecimento do "Um" que nos aliena ...


abraço a todos e obrigado pelos comentários

Dani Pedroza disse...

Sabe o que realmente gostei nesse post? A clara ligação que há entre tudo. Partindo de um ponto podemos chegar em qualquer lugar dependendo da nossa capacidade de perceber novos caminhos. Um olhar livre. Uma alma ousada. É só disso que precisamos pra caminhar em busca de... Em busca de? Não importa. Em alguns contextos, não importa onde se quer chegar, o grande lance está na própria viagem, na forma que se escolhe pra se manter em movimento. Movimento... O mundo não pára, assim como o tempo, assim como os carros nas estradas. Li seu texto como olho pra paisagens enquanto o carro trafega veloz. Se eu me detiver em alguma imagem, não a verei detalhadamente e ainda perco a oportunidade de perceber a beleza do conjunto de imagens que se sucedem, tão diferentes e curiosamente tão homogêneas, parte de um todo harmônico. Um todo harmônico, embora cheio de desarmonia. É isso. O mundo é feito de diversas coisas diferentes que teimamos em definir como opostas. Só que o mundo não está nem aí pra nossas definições, não faz a menor questão de caber em nossas concepções de adequação, coerência. Ele simplesmente é, como nós deveríamos simplesmente ser. Ser únicos, ser ímpares, mas ainda sim (e talvez justamente por isso), ser parte de um todo harmônico (e cheio de desarmonia).

Adoro o jeito como vc escreve. Ando meio repetitiva... rs. Bjs.

Lara Gay disse...

primeiramente vim retribuir a visita e já me apaixonei pelo banner do seu blog. =)
li o soneto e me deu vontade de te ler cada vez mais... gostei daqui. beijos

Barbara disse...

AH...ISSO FOI BACANA DE LER!
Mas humildemente confesso - já explodida, implodida, de tudo um pouco.
É a vida...

Dani Pedroza disse...

Na minha cabeça, cada texto nasce de um jeito. Aliás, pra ser bem sincera, tenho a impressão de que os textos não nascem dentro da gente, eles estão no ar, flutuando a nosso redor, entram quando inspiramos, saem quando expiramos, vão e vem, até que nós realmente consigamos absorvê-los, digeri-los e excretá-los (eca...rs). Mas não era nada disso que eu queria dizer. Voltando ao assunto, cada texto começa de um jeito, às vezes surge primeiro um personagem, uma situação, um título, uma trecho. E todo o resto é construído pra compor aquela ideia inicial. Esse post partiu justamente do trecho que vc destacou. Então, acho que posso dizer que, assim como vc, esse trecho me renderia um bom tempo de divagações. E rendeu, pode acreditar... rs.

Aliás, o silêncio e seus desdobramentos são assunto recorrente no Impressões. Eu sou fascinada pelo silêncio, embora (confesso) fale (e escreva)bastante. Mas isso vc certamente já percebeu... rs. Pra mim, o silêncio solitário, por vezes, é quase vital. Uma necessidade intensa de parar tudo, calar a minha voz e deixar que o som dos meus sentimentos e pensamentos seja acompanhado somente por música. É, meu silêncio, em geral, tem som, música. E o silêncio compartilhado é o que sela o verdadeiro encontro. São muito especiais e raros encontros entre duas pessoas que não se incomodam com o silêncio do outro, que não entendem o silêncio como a negação da palavra. São poucos os que percebem que também ou principalmente há comunhão no silêncio. Como vc mesmo disse, o silêncio é o próprio verso. E não é a poesia uma das costumeiras linguagens do amor? Mas, foi só um jogo de palavras porque também não falo da poesia em sentido miúdo, mas da poesia (silêncio) que chora, grita, vive, une. Enfim, eu realmente falaria horas sobre o assunto... rs.

Esse assunto e seus comentários têm o poder de me fazer pensar. Bjs.

gaijin dame disse...

este é muito bom... de verdade.... pena que nem todo entendam... mas assim é bem melhor...

Carol só Carol disse...

Tá lindo como sempre, e intenso!
Essas imagens, são de cortes histológicos? Eu olhei e já me veio na cabeça "xilema, floema, meristema...etc" Socorro!!..rs

beijo

Quem sou eu

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Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).