soneto
(mário liz)
contigo não contenho a sede tanta,
que me desperta o amor na terra incerta.
e até o sol, n'ardência que deserta;
contigo é luz que pulsa e me quebranta.
e o teu olhar é feito a porta aberta,
que quando caio – em versos me levanta.
fechada a tua porta ainda encanta,
pois ao teu lado o que desfaz, liberta.
e mesmo quando estás assim, distante,
de longe a tua voz se funde ao canto
que canto em mim, se a minha dor me cala.
mas quando a noite vem e vem vibrante.
e tu estás comigo, o nosso espanto:
é só parar se o dia invade a sala.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
movimentos Por movimentos
movimentos Por movimentos
(mário liz)
carnívoros querem carne. herbívoros, folhas. a maria-fumaça come vapor. os carros, gasolina. uma lâmpada acesa tem um universo de água. o sono mastiga o cansaço. seres humanos, comida. poetas injetam silêncio (regurgitam vida). bandeiras se agitam com vento. conventos se agitam com cristo. mosteiros não se agitam (vivem de inércia). conversas se fazem de assunto. assuntos, de vida alheia. vidas dependem de oxigênio. gênios, de equações. erupções se alimentam de magma. o diafragma, de emoções. emoções se lambuzam de amores. sílabas, de letras. espelhos, de feições. egos sobrevivem de feitos. defeitos, de falhas. folhas, de seiva. seivas, de água, luz e gás carbônico. o crônico é que tudo precisa de força. porque nada é por si. o barbante zune o peão. você lê, comenta isso aqui. dá impulso à escrita. alforria meus delírios... e lá vou eu. tu. ele. lá vamos nós. voz. eles. entre o alívio bendito do soro. e a aflição de todos os seres.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
não deixe suas idéias dando sopa: faça uma sopa de idéias e chame as pessoas certas pro jantar. a sopa é a entrada, depois, convém o caviar. não chame o mundo cão de mundo de cão. o cão é o melhor amigo do homem. chame o mundo cão de mundo rato. e tenha ratoeiras na sala, na cozinha, no banheiro e no quarto. porque nunca se sabe quando alguém vai roer o seu queijo. e o que se sabe é que a linha entre o desejo e a inveja é pequena. então não diga que tudo vale a pena. somente a pena de morte, se alguém lhe roubar um verso de poema, um slogan de outdoor, uma peça, um personagem. e o que mais se vê são personagens assim: o meu país adora macunaímas. já eu, não. eu prefiro ser um ímã de gente que usa a inteligência pra fazer ouro sem cutucar a mina dos outros. e tá até na bíblia: não cobiçais a mina do próximo. e vejam bem, se eu for o próximo, por favor ... furem a fila.
mário liz
mário liz
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
sábado, 10 de outubro de 2009
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por onde passo (desfaço) flores. piso na merda porque não saio da lua. não olho pro chão. é difícil fitar na vida, se ela vem de frente na cara. e é com a cara de quem não olha pra vida, que eu às vezes mato a poesia do meu coração. mato-sem-querer-matar. quase como um menino, que mata formigas. a minha sorte é que certas coisas não morrem. ou morrem tão depressa que beiram o quase-nascer. então, bendita seja a mágoa que morreu desse jeito. ou a poesia que eu matei, mas re-brotou em mim. e isso, de insurgir renascida, faz da ventura o ópio da vida. e não há opinião sem ópio. nem papoulas felizes sem uma carne doente que as deseje. é por isso que eu desejo sal nas feridas. pra depois... um anestésico qualquer me deixar intenso o bastante pra escrever de novo.
mário liz
mário liz
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Quem sou eu
- Mário Liz
- Pouso Alegre, Minas Gerais -, Brazil
- Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).