sou mário liz. mário poeta. mário do armário. mário da tristeza de não ser. mário que é algo. desconfio que sou. só não sei o quê. não sei de nada. nado em todas as praias, menos na minha. e não morri afogado (ainda!). nem ofegado. nem ofendido. só morro se sou ofuscado. a maldita dor de quem come luz. mário liz come luz. por isso gosto da noite. quando anoitece a luz tem mais gosto. e eu gosto disso. gosto do gosto da luz da noite. gosto do gesto que existe na noite: ele é mais livre. despudorado. depravado. desde os 12 anos sou assim. foi quando a poesia me pegou de jeito. é como se banhar num jato de fogo de vida. com juras e cores de morte. a cabeça e o peito se rendem ao sonho. e se perder é a ordem que resta. mário liz é isso. mário é osso e aço. é humano... e se fecha os olhos, é herói. e dói não ser herói de olhos abertos. ter mais pontos fracos que fortes. e seguir a caminhada na espera que todos esperam... e que eu não consigo acalmar. minha alma é doente. inquieta. aflita. arrogante. arrojada demais para não sair do lugar. é a pena de quem tem asas e não tem penas. de quem tem palmas e não tem palco: atrás do armário não há nada além poeira e escuridão. apenas dentro do coração há um bocado de eira...
a
todo momento minto de mentir, de me ter, de medir, de montar, demolir,
de manchar, de mudar, demitir, minto de marcar, de matar, de morrer, de mirar, de morar,
de moer, de mofar, de emergir. mas sou sincero o bastante para saber. que se nasci para
não ser. mentir é um jeito torto de sonhar.
os feriados costumam acabar. sempre.
e os carnavais. e os orgasmos duram tão pouco. e depois da festa, o aniversário
é um ano a menos de vida. e o sabor se despede rápido da língua. feito o
perfume que se perde à medida que o vento assopra. e os heroísmos da embriaguez
nos fazem pedir a morte no dia seguinte. e a música repetida nunca será um
primeiro beijo. assim como a eternidade não está para o desejo. e as folhas e
as flores e os fatos murcham. e as cores se apagam. e as
pessoas se separam. e se ajuntam à solidão. que enlaça a tristeza. que abraça o
vazio. que também acaba.
a vida inteira manipulei blá-blá-blás de todas as formas, vícios e bênçãos possíveis, passíveis e impossíveis de se crer. eram blá-blá-blás da alma, das ruas, dos bares, dos pares e das pessoas sós. já fui a carne de cada um deles... e me abandonei. deixei meu templo em um túmulo qualquer e decidi viver a não-vida-minha que sempre tive nas palavras que anoiteci ou acordei (em comum acordo com a minha loucura). mesmo assim, não quero meu corpo novamente. e nem nada que me lembre do chão. prefiro a morte. e com sorte, ser enterrado à sete palmos de nuvem.
tanta poesia até hoje... e nada disso me serviu pra coisa alguma. poeta? o que é um poeta? quem é o poeta? um título é apenas um título. é aquilo que se põe na parte superior de um conto, de um poema ou de uma vida. mas e daí? um título não é nada sem uma obra, sem colunas, sem tijolos que o sustente. eu sou apenas uma casa construída em uma árvore. aquilo que se sonhou quando menino... e parou por ali. não tenho abrigo. não sou um abrigo. eu apenas me obrigo a viver, porque de resto, só não me acometi pela covardia. e dói um bocado... de repente você tem aquele infinito doce de cores nas mãos. e depois... não tem quase mais nada. aí você se dá conta que o infinito é só um símbolo inefável das aulas de matemática. e você se torna uma estatística no mundo dos números. eu me sinto assim porque descobri na carne que sonhar é diferente. e eu nunca sonhei... respirei uma vida toda de devaneios.
todas as coisas amanheceram. todas as forças. as plantas. o orvalho. as pessoas. eu custo a crer que um dia houve noite. a carne da vida anoitecida. a morte da luz. o poema sem canto. o tempo segue sem se importar com as cores, se são frias ou ardentes. pra ele... são apenas pontos:
finais.
ou reticentes...
use preservativos, ou melhor... não trepe. nem nos muros, nem na mulher que você ama. não tome chuva, não tome sol, não tome cerveja. apenas tome tento. mas que fique claro: essa porcaria não embriaga ninguém. carne... nem pensar. pense com verde, covarde. e aproveite pra esquecer do seu tesão e das suas vontades. assim na terra como no céu. você é uma pipa, voa com linha e cabresto. e você não é nem o resto de um sonho. e lá do céu, os urubus lhe mandam lembranças: vale a pena comer carniça e poder voar sem carretel...
você se guardou e o carnaval chegou. engoliu o ano todo... e vomitou. mas o carnaval passou. e você está suja, cheirando à vômito e cachaça. agora só lhe restou a nicotina: a cortina de fumaça. e a outra ína, pra aliviar a carcaça. mais um ano até fevereiro ou março. aquele murro contido... que na folia acaba em abraço. bobagem se guardar pra quando o carnaval chegar ...
água mole em pedra dura, tanto dura que perco a paciência. não sou jó. nem sou chicó. só sei que sou assim. se me batem em uma face, ando de perfil... e só desfilo com a metade boa. faz de conta que não doeu. só não te esqueças daquele prato frio, com V... de vatapá. vai ferver na tua alma. e minhas palmas serão aquelas de quem ri por último. por último, mas logo em seguida. escrevendo torto em linhas certas. e de bem com a vida...
!
eu gosto de saber que as pessoas gostam de saber o que eu penso. e eu gosto de imaginar o que as pessoas imaginam após saberem como eu penso. eu me sinto importante. na verdade, muito mais importante do que eu realmente sou. mas eu confesso que adoro intrigar, atiçar e até cutucar quem perde(ou ganha) seu tempo para descobrir o que eu penso. e a outra verdade é que cada dia eu penso de um jeito. então, se você aí é inconstante e não tem medo algum de assumir este desvio... meus parabéns. a grande maravilha da vida está na metamorfose de tudo. houve um tempo em que axilas peludas e não tomar banho era belo. só que o mundo mudou. e vai mudar outra vez. e eu com ele e vocês comigo. e quem me aplaudiu, vai me odiar. quiprocó. e eu não tenho medo de dizer que a vida, os meus sentimentos e todos vocês... fazem parte de uma grande, imensa e interminável... putaria.
eu sou o seu caminho mais íngreme. o seu impulso mais rápido. a sua pele mais ríspida. o seu olhar mais sádico. eu sou a sua besta bíblica. e você é meu messias harmônico. e é minha letra sinfônica. e meu amor mais explícito. você é o sonho mais plácido. meu castelo mais físico. e nós desatamos o estático. e damos vida ao cíclico. e sem firulas de mágico... nos abraçamos sem término... como se fosse o início.
(mário liz)
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
parto, sangria ou vômito: é como pode nascer um poema. não importa a ordem... e nem se estão “solo” ou em harmonia(agonia) conjunta. o poema é isso. e nunca é um arroto. até dá para arrotar um bilhete, uma carta de amor fingida, um cartão de natal e uma mensagem de aniversário. o impossível é arrotar um poema. é gostoso arrotar, geralmente arrotos são efervescentes e refrescantes. e poemas doem. tirar as coisas da alma não é fácil. são camadas e mais camadas até o bisturi encontrar algo que brilhe... ou que trilhe algum verso apto a tocar o coração dos outros. e saibam: é cada vez mais difícil atingir o coração das pessoas. portanto, se você deseja realmente escrever um poema... um poema de verdade... esteja preparado para ir fundo. e nunca mais voltar.
Hoje o PT é quem manda, falou tá falado, não tem discussão. Não. A minha irmã hoje anda mamando na Dilma e na Situação, viu... Você que xingou esse estado, inventou de não ver essa corrupção... Você que xingou deputado, hoje finge calado, que não tem mensalão...
Apesar de você não ser mais o que o foi outro dia... Ainda vou escutar “O que será que será” que o malandro escrevia...? Como vai reagir... se o ministro a cair te contar... Que a Irmã ta rolando e já já perde a teta de mamar. E se chegar o momento não tem sofrimento, não to em apuro, juro! Deixei minha tia de aviso, e nem vai ser preciso indiciar no escuro... Você que lutou na esquerda, hoje teve a fineza de “endireitar”... Você vai pagar sua língua, vai ter farda e patente e virar militar...
Apesar de você não ser mais o que o foi outro dia... Inda pago pra ver... Tua a Geni se tornar uma Virgem Maria... Você vai se amargar, vendo a banda passar, sem pedir licença... E e vou morrer de rir do PT afogar o poeta e sua crença...
Apesar de você Apesar de você não ser mais o que o foi outro dia... Vou ouvir seu cd e cantar sem temer a velha poesia... Como vai explicar, se o seu verso engasgar... de repente... estridente? Como vai apagar nossa pele a brilhar... feito a sua antigamente?
Apesar de você Apesar de você não ser mais o que o foi outro dia... Mas vai chegar o carnaval Etc. e tal... La, laiá, la laiá, la laiá
se você quiser abrir o meu peito... esteja à vontade. não há nada aqui que já não seja descolado. deixei a vida, carinhosamente, arrombar minha porta. e não tenho medo de mostrar minhas meias jogadas no quarto. ou o quinto do meu inferno: o meu mundo está aqui de um jeito patético e poético. pode ver. pode tocar. só não vale julgar ou jogar fora. as velhas dores são parte do que sou. do sal dos meus olhos à coragem de lhe mostrar a casa. é a maré não-rasa do meu universo. você pode entrar. você pode dançar. você pode vestir e trocar. mas tudo isso desde que eu possa... lhe observar.
tomara que o mundo acabe: é a parte que nos cabe deste latifúndio. isso aqui precisa renascer. morrer de fora para dentro. nascer de dentro para fora. e brotar devagar, feito um traço de relva que aponta após o fogo. e nas cinzas brincar de brilhar seu orvalho. e é como tem de ser: ali verter todo sangue. e aliviar toda alma. e deixar que o vento espalhe as sementes em seu manto de cor... de colo e de calma.
Redator Publicitário e Planejamento Estratégico da Cartoon Publicidade, graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIVAS. Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Roteirista do projeto multimídia E-URBANO1 e E-URBANO2, pela UNIVAS E UNICAMP. Ganhador do concurso nacional de redação de 2006 (MEC E FOLHA DIRIGIDA-RJ), onde superou mais de 37.000 concorrentes. Ganhador do Concurso de Redação da UFSCAR, em 2006. Colaborador da Revista Reuni. Tem publicações na revista científica RUA (UNICAMP) e no LIVRO DIGITAL DE 2011 (UNICAMP).